A Liturgia da Celebração do primeiro dia do Sagrado Tríduo Pascal é dedicada ao Mistério da Eucaristia, do Sacerdócio e o Mandamento do Amor. A refeição ritual dos judeus foi elevada por Nosso Senhor na Celebração mais Sagrada onde Ele se deu em alimento e fez perpetuar, através do Sacerdócio, sua presença real que todos os dias, em todos os lugares do mundo, se renova.

Todas as vezes que, em memória de Sua Paixão, a Igreja celebra o rito que Ele mesmo instituiu, é o mesmo Sacerdote que oferece, é a mesma Vítima que é oferecida, é o mesmo sacrifício que é realizado. A Sagrada Ceia realiza a Cruz; o Sacerdote é, também, a Vítima: Jesus Cristo!
Neste dia, também, a Igreja recorda o gesto de Jesus Cristo que se abaixa e lava os pés de seus discípulos. “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei”, diz o Senhor. A nós, fiéis, é-nos perguntado: qual a forma que Jesus amou a cada um de nós? A resposta está na própria celebração que vivenciamos durante a Semana Santa: amar dando a vida. Foi assim que Ele elevou o significado do amor a cada um de nós.
O canto que é entoado durante a execução deste gesto por parte do sacerdote é uma grande catequese que nos ajuda a compreender aquilo que ele quer significar: “Se eu, vosso Mestre e Senhor / Vossos pés hoje lavei / Lavai os pés uns dos outros / Eis a lição que vos dei / Eis como irão reconhecer-vos / Como discípulos meus / Se vos amais uns aos outros / Disse Jesus para os seus / Dou-vos novo mandamento / Deixo ao partir nova lei / Que vos ameis uns aos outros / Assim como Eu vos amei”
Neste dia, podemos, como fiéis, colocarmo-nos nas cenas que são narradas pelo Evangelho e refletirmos como agiríamos na “pele” de cada um dos personagens. Será que acompanharíamos o Senhor no horto das Oliveiras e pegaríamos no sono, deixando-nos sucumbir, por vezes, a falta de vigilância em nossas vidas? Será que, por orgulho próprio, nos negaríamos a deixar Jesus lavar nossos pés, não querendo nos submeter ao exemplo do Mestre? Será que seríamos capazes de nos reclinar sobre o Senhor para perguntar o que há de acontecer e confiaríamos em suas palavras? Muitas são as situações de nossa vida cotidiana que podem ser iluminadas pela Liturgia deste dia. Façamos, pois, desta Celebração, um farol para o nosso ano, em vistas de responder com amor e devoção ao Senhor em todas as situações de vida, para que, um dia, possamos tomar parte no Banquete Celeste, não por nosso mérito, mas com a consciência da infinita misericórdia do Senhor.