Palavra do Pastor do XXXII Domingo do Tempo Comum

Meditação do Cardeal Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília, para o XXXII Domingo do Tempo Comum.

A lâmpada da fé acesa com o óleo da caridade

Estamos celebrando este trigésimo segundo domingo do tempo comum. O ano litúrgico já vai caminhando para o final. Na sua pedagogia, a Igreja coloca diante de nós a realidade das coisas últimas da nossa vida, quer dizer, as realidades escatológicas. O ser humano foi criado por Deus e para o amor de Deus; por isso Santo Agostinho afirma: “criaste-nos para Ti e nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti”. Este é o caminho da vida humana. Existe uma busca do ser humano por viver eternamente aqui, neste mundo. Mas aqui não é a nossa morada eterna. Todos nós um dia morreremos, esta é a grande verdade da nossa vida. Mas a morte não é a última palavra da existência, o ser humano foi criado para a eternidade de Deus, para ter vida, e vida eterna, que é a vida feliz junto de Deus. A parábola do Evangelho quer nos dizer que a vida eterna se constrói aqui, neste mundo, mantendo nossa lâmpada da fé acesa com o óleo da caridade e das boas obras. Papa Francisco nos explica esse Evangelho das cinco virgens prudentes e das cinco insensatas (Mt 25,1-13). 

Eis a explicação que ele dá: “Segundo a tradição, no tempo de Jesus os matrimônios eram celebrados à noite; portanto, o cortejo dos convidados devia proceder com as lâmpadas acesas. Algumas virgens são insensatas: levam as lâmpadas, mas não levam consigo oóleo; as prudentes, ao contrário, levam consigo também o óleo. O esposo tarda a vir, e todas adormecem. Quando uma voz avisa que o esposo está prestes a chegar, naquele momento as insensatas percebem que não têm óleo para as suas lâmpadas; pedem-no às sábias, mas elas respondem que não o podem dar, pois não seria suficiente para todas. Enquanto as insensatas vão comprar o óleo, chega o esposo. As virgens prudentes entram com ele na sala do banquete, e a porta fecha-se. As outras chegam demasiado tarde e são rejeitadas.

“É claro que, com esta parábola, Jesus quer dizer-nos que devemos estar preparados para o encontro com Ele. Não apenas para o encontro final, mas também para os pequenos e grandes encontros decada dia, em vista daquele encontro, para o qual não é suficiente a lâmpada da fé, mas é necessário também o óleo da caridade e das boas obras. A fé que nos une verdadeiramente a Jesus é aquela, como diz o Apóstolo Paulo, ‘que opera pela caridade’ (Gl5,6). É isso que é representado pela atitude das virgens prudentes. Ser sábio e prudente significa não esperar o último momento para corresponder à graça de Deus, mas fazê-lo ativa e imediatamente, a partir de agora. ‘Eu… sim, converter-me-ei mais tarde…’ – ‘Converte-te hoje! Muda de vida hoje!’ – ‘Sim, sim… amanhã’. E diz o mesmo no dia seguinte, e assim nunca o fará. Hoje! Se quisermos estar prontos para o último encontro com o Senhor, devemos cooperar desde agora com Ele e praticar boas ações inspiradas no seu amor” (Papa Francisco, Ângelus do dia 8 de novembro de 2020).

Que esta Palavra de Deus nos ajude a termos sempre a nossa lâmpada da fé acesa com o óleo da caridade e das boas obras.