O mundo acha um absurdo que, no Carnaval, estejamos no estádio partilhando a Palavra de Deus. Quem não é de Deus é incapaz de compreender essa alegria de Deus, que é eterna, perene. É diferente, por exemplo, de alguém que compra uma bicicleta, ganha na mega-sena, porque essas alegrias passam muito rápido. Mas a alegria de Deus nos faz viver, mesmo nas provações e perseguições, o consolo, o auxílio, o amor de Deus em nós e isso nos faz ser firmes no caminho de Deus, sem nos desviarmos. Tiago está falando a uma comunidade que está sendo perseguida, as pessoas estão sendo expulsas de suas casas, perdendo o emprego, sendo torturadas, mortas e ele está falando de alegria.
O bispo lembrou-nos da passagem do Semeador, segundo a qual, a semente da Palavra pode ser sufocada pelas provações, mas se cair em terreno fértil, produzirá muitos frutos. A Palavra nos ajuda a passar pelas provações. Ainda hoje, há numerosos cristãos perseguidos e mortos no mundo, mas a comunidade cristã mantém-se firme na alegria de Cristo. Devemos, sim, partilhar com o Senhor como as provas estão tornando o caminho mais difícil e pedir a bênção para conseguir vencê-las. Se é para nos tornarmos mais fiéis, Deus vai permitir o sofrimento, mas Ele estará conosco. O apóstolo nos diz para pedirmos sabedoria a Deus com confiança para passar por todos os momentos difíceis, porque Deus é bom e nos dará. Não podemos ser inconstantes, como as ondas do mar. Quando tudo está bem, repetimos que Deus é bom. Quando não está, dizemos que Ele nos esqueceu e reclamamos. Deus pede a cada um de nós essa firmeza na fé. Sejamos perseverantes, firmes na fé, demos testemunho, certos de que Deus se faz presente e caminha conosco. Deus nos pede humildade. Não é pecado ser pobre. Alegremo-nos porque Deus está no meio dos pobres e os exaltará. Que essa Palavra de Deus possa reinar no nosso coração e nos fazer mais puros e santos.
Mais uma vez no Evangelho (Mc 8, 11-13), os fariseus estão lá, não para ouvir a Palavra, mas para tentar o Senhor. Não estão desejosos de acolher a Jesus e a sua proposta de vida. Por isso Jesus dá um suspiro profundo de lamento, porque aquele povo não permite que a Palavra os transforme e liberte. E então pedem a Jesus um sinal, mas Jesus já é O sinal de Deus. Eles contemplaram a obra salvífica de Jesus, viram a multiplicação dos pães, mas não se abriram à graça de Deus. Mesmo que Jesus quisesse fazer um sinal, não ia ser frutífero, porque eles não tinham fé, não acreditavam. Às vezes pedimos um sinal a Deus para testá-lo, precisamos tomar cuidado com isso. Jesus não realizou esse sinal porque o coração daquele povo era de pedra. E para Jesus realizar sua obra em um coração, este precisa ser arado. No processo de aragem, é retirada a pedra dura, a terra é afofada para que a semente possa cair ali e germinar.
Então, ao final do Evangelho de hoje, Jesus foi embora, saiu da presença daquele povo. Que isso jamais aconteça em nossa vida. Que Jesus jamais se afaste do meio de nós. Mas que, cada vez mais, possamos olhar para Jesus e ver nele o sentido da nossa existência, aquilo que queremos para nós.
Dom Antônio de Marcos – Bispo Auxiliar Arquidiocese de Brasília
Texto por Susana Brito
Ministério de Comunicação Social – RCC-DF