Durante o tempo pascal, lê-se o livro dos Atos dos Apóstolos. Esse livro nos mostra que o amor dos discípulos por Jesus os fez missionários destemidos. O livro dos Atos dos Apóstolos retoma os últimos contatos do ressuscitado com os Apóstolos (At 1, 1-8) e relata a difusão da mensagem do Evangelho, indo de Jerusalém em direção ao mundo ocidental. Assim, a pregação do Evangelho se inicia na Galileia, chegando a Jerusalém como seu ponto máximo e partindo de Jerusalém para o mundo. Uma geografia com interesses teológicos. O texto de At 1, 8 sintetiza esse movimento: “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, até os confins da terra”. “Jerusalém, ponto de convergência da pregação e da obra de Jesus, local da sua morte e ressurreição, será o ponto de partida da missão dos Apóstolos, que estenderão a mensagem até o mundo pagão. Cruz e ressurreição é ponto de chegada de todo o anúncio do Evangelho — ponto nodal, portanto, do kérygma cristão — e é ponto de partida para a missão universal”. ( M. de L. CORREA LIMA, “A Evangelização das Nações no Livro dos Atos dos Apóstolos”, p. 196). O caminho de chegada do Evangelho até os confins da terra será por obra dos discípulos, como nos mostrou a primeira leitura (At 10).
São Pedro, conduzido pelo Espírito, encontra-se em casa de Cornélio. Ali, Pedro compreende que Deus aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença (At 10, 34-35). Na casa de Cornélio, o Espírito Santo desce sobre todos os que ouviam a palavra, judeus e pagãos, e assim os pagãos também são batizados em nome de Jesus Cristo. É o Evangelho que deve chegar a todos, até os confins da terra. Ontem, pelo trabalho dos Apóstolos; hoje, pelo nosso. O anúncio e o testemunho do Evangelho é missão essencial da Igreja. Tudo na Igreja deve ser evangelização, missão. Cada católico deve se perguntar se está sendo discípulo missionário; cada pastoral, cada movimento deve se perguntar se está anunciando e testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo.
O Evangelho colocou-nos diante do amor de Jesus por nós e do imperativo de permanecer no seu amor (Jo 15, 9-17). A grande definição de Deus no Novo Testamento é: “Deus é Amor” (1Jo 4, 8). O amor de Deus para conosco se manifestou no envio do Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados. O Pai ama o Filho, e, com essa mesma dimensão do amor, o Filho nos amou. O discípulo é aquele que permanece no amor de Cristo. Manifestamos que amamos Jesus, que permanecemos no seu amor, guardando os seus mandamentos. Jesus nos dá o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”(Jo 15, 12). O amor que devemos ter uns pelos outros não é um amor qualquer, mas nos amarmos como Jesus nos amou, e ele nos amou a ponto de dar a vida por nós. Que o nosso amor para com Jesus Cristo nos conduza a um coração missionário, evangelizador, e que o testemunho do nosso amor uns pelos outros torne credível a nossa pregação.