Hoje, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade, o mistério central da nossa fé, o mistério de Deus-Amor que caminha conosco, se interessa por nós. Papa Francisco nos explica com beleza esse mistério de amor, de salvação e de vida: “Hoje, domingo depois de Pentecostes, celebramos a festa da Santíssima Trindade. Uma festa para contemplar e louvar o mistério do Deus de Jesus Cristo, que é Uno na comunhão de três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, a fim de celebrar com admiração sempre renovada Deus-Amor, que nos oferece gratuitamente a sua vida e nos pede para a difundir no mundo.
As leituras bíblicas de hoje fazem-nos compreender que o que Deus quer não é tanto revelar-nos que Ele existe, mas, ao contrário, que é o ‘Deus conosco’, próximo de nós, que nos ama, que caminha conosco, se interessa pela nossa história pessoal e cuida de cada um de nós, a partir dos mais pequeninos e necessitados. Ele ‘é Deus em cima no céu’, mas também ‘embaixo na terra’ (cf. Dt 4, 39). Portanto, não acreditemos numa entidade distante, não! Numa entidade indiferente, não! Mas, ao contrário, no Amor que criou o universo e gerou um povo, se fez carne, morreu e ressuscitou por nós, e, como Espírito Santo, tudo transforma e leva à plenitude.
São Paulo (cf. Rm 8, 14-17), que experimentou pessoalmente esta transformação realizada por Deus-Amor, comunica-nos o seu desejo de ser chamado Pai, aliás ‘Papai’ — Deus é ‘nosso Papai’ —, com a total confiança de uma criança que se abandona nos braços de quem lhe deu a vida. O Espírito Santo — recorda ainda o Apóstolo — agindo em nós faz com que Jesus Cristo não se reduza a um personagem do passado, não, mas que o sintamos próximo, nosso contemporâneo, e experimentemos a alegria de ser filhos amados por Deus. Por fim, no Evangelho, o Senhor ressuscitado promete ficar conosco para sempre. E precisamente graças a esta sua presença e à força do seu Espírito podemos realizar com serenidade a missão que Ele nos confia. Qual é a missão? Anunciar e testemunhar a todos o seu Evangelho e deste modo dilatar a comunhão com Ele e a alegria que dela deriva. Deus, caminhando conosco, enche-nos de alegria e a alegria é um pouco a primeira linguagem do cristão.
Por conseguinte, a festa da Santíssima Trindade faz-nos contemplar o mistério de Deus que incessantemente cria, redime e santifica, sempre com amor e por amor, e a cada criatura que o acolhe dá a possibilidade de refletir um raio da sua beleza, bondade e verdade. Ele desde sempre escolheu caminhar com a humanidade e forma um povo que seja bênção para todas as nações e para cada pessoa, sem excluir ninguém. O cristão não é uma pessoa isolada, pertence a um povo: este povo que Deus forma. Não se pode ser cristão sem esta pertença e comunhão. Nós somos povo: o povo de Deus. A Virgem Maria nos ajude a cumprir com alegria a missão de testemunhar ao mundo, sedento de amor, que o sentido da vida é precisamente o amor infinito, o amor concreto do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (Papa Francisco, Angelus de 27 de maio de 2018).