Tu és o Cristo

24º Domingo do Tempo Comum

Papa Francisco nos explica com profundidade o Evangelho de hoje: “O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus que, a caminho para Cesárea de Filipe, pergunta aos discípulos: ‘Quem dizem os homens que Eu sou?’ (Mc 8, 27). Eles respondem aquilo que o povo dizia: alguns consideravam-no João Baptista renascido, outros, Elias ou um dos grandes Profetas. O povo estimava Jesus, considerava-o um ‘enviado de Deus’, mas ainda não conseguia reconhecê-lo como o Messias, aquele Messias prenunciado e esperado por todos. Jesus olha para os apóstolos e pergunta de novo: ‘Mas vós, quem dizeis que Eu sou?’ (v. 29). Eis a pergunta mais importante, com a qual Jesus se dirige diretamente a quantos o seguiam, para comprovar a sua fé. Pedro, em nome de todos, exclama com prontidão: ‘Tu és o Cristo’ (v. 29). Jesus fica admirado com a fé de Pedro, reconhece que ela é fruto de uma graça, de uma graça especial de Deus Pai. E então revela abertamente aos discípulos o que o espera em Jerusalém, ou seja, que ‘o Filho do homem iria sofrer muito… ser morto e, depois de três dias, ressurgir’ (v. 31).

Ao ouvir isto, o próprio Pedro, que acabara de professar a sua fé em Jesus como Messias, escandaliza-se. Desviando-se um pouco com o Mestre, repreende-o. E como reage Jesus? Por sua vez, repreende Pedro por isto, com palavras muito severas: ‘Vai-te da minha frente, Satanás!’ — chama-lhe Satanás! — ‘Pois não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens’ (v. 33). Jesus apercebe-se de que em Pedro, como nos outros discípulos — também em cada um de nós! —, à graça do Pai se opõe a tentação do Maligno, que pretende distrair-nos da vontade de Deus. Anunciando que terá que sofrer e ser morto para depois ressuscitar, Jesus deseja fazer compreender a quantos o seguem que Ele é um Messias humilde e servo. É o Servo obediente à palavra e à vontade do Pai, até ao sacrifício completo da própria vida. Por isso, dirigindo-se a toda a multidão que estava ali, declara que quem quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como Ele se fez servo, e adverte: ‘Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me’ (v. 34).

Pôr-se no seguimento de Cristo significa carregar a própria cruz — todos temos uma… — para o acompanhar no seu caminho, um caminho desagradável que não é o do sucesso, da glória passageira, mas aquele que leva à liberdade verdadeira, que nos liberta do egoísmo e do pecado. Trata-se de rejeitar abertamente aquela mentalidade mundana que coloca o ‘eu’ e os próprios interesses no centro da existência: não é isto que Jesus quer de nós! Ao contrário, Jesus convida a perder a vida por Ele, pelo Evangelho, a fim de a receber renovada, realizada e autêntica. Graças a Deus, estamos certos de que no final este caminho conduz à ressurreição, à vida plena e definitiva com Deus. Decidir segui-lo, o nosso Mestre e Senhor que se fez Servo de todos, exige que se caminhe depois d’Ele e se ouça atentamente a sua Palavra […]”. (Papa Francisco, Angelus de 13 de setembro de 2015).