A cena do Evangelho neste domingo acontece na cidade de Jericó, a “cidade das Palmeiras”, um oásis situado na margem do rio Jordão, a cerca de 30 quilômetros de Jerusalém, considerada a cidade mais antiga do mundo e localizada cerca de 250 metros abaixo do nível do mar. Foi por Jericó que os hebreus vindos do Egito, conduzidos por Josué, entraram na Terra Prometida, cidade, também, do publicano Zaqueu (cf. Lc 19,1-10).
Jesus passa pelo cego Bartimeu, conformado com a escuridão em que vive (“está sentado”, imóvel) e numa situação de absoluta dependência (“pedindo esmola”). No entanto, a passagem de Jesus acorda o cego do imobilismo em que está instalado. Sim, de fato, a passagem de Jesus na vida de alguém traz algo novo, traz a vida. As celebrações dos Sacramentos em nossas comunidades, os encontros dos diversos movimentos e pastorais, o encontro semanal da catequese, a oração das famílias — tudo isso é Jesus que passa pela vida das pessoas.
Bartimeu ouviu que Jesus estava passando e decide gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim”. Contudo, os que estão à volta de Jesus repreendem o cego e querem fazê-lo calar-se. De fato, quando alguém encontra Jesus e resolve deixar a vida antiga, encontra sempre resistências que podem vir, até mesmo, dos familiares e dos amigos. Todavia, o cego não se intimida, grita ainda mais forte para Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus para e manda chamar o cego. Ora, quando Jesus chama alguém, é a fim de que essa pessoa O siga na vida da comunidade. Em resposta ao chamado, “o cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus”, ou seja, deixou tudo que possuía para ir ao encontro do Senhor. O “pulo” que o cego dá é expressão do seu entusiasmo de ir ao encontro de Jesus, contrastando com o imobilismo em que estava antes de Jesus passar e o chamar.
No entanto, o ponto central desse Evangelho é a pergunta de Jesus, “o que queres que eu te faça?”, e a resposta do cego: “Mestre, que eu veja”. Bartimeu é imagem de todo aquele que, encontrando-se com Jesus, descobre que não pode continuar a viver uma vida sem sentido, com hábitos e comportamentos que o mantêm escravo dos vícios e do pecado. O encontro com o Senhor faz deixar o comodismo e as correntes que amarram ao passado de pecado e frustrações. Essas são as maravilhas que fez conosco o Senhor, exultemos de alegria, cantamos no Salmo Responsorial. Na primeira leitura, ouvimos o Profeta Jeremias proclamar uma exultação de alegria, pois o Senhor salva o seu povo, sendo “um pai para Israel”.
A Palavra de Deus deste domingo é um convite à pronta resposta do chamado, alicerçado no encontro com o Senhor que passa constantemente em nossas vidas. Peçamos a intercessão da Santa Mãe de Deus, ela que se alegrou com as maravilhas que o Senhor realizava em sua alma, para não ignorarmos as oportunidades do dia a dia que nos levam à conversão, a ouvir o Senhor que passa e, deste modo, experimentar a alegria do Evangelho.