Santidade, Vocação de Todos

Solenidade de Todos os Santos

Neste domingo, celebramos a Solenidade de Todos os Santos para rememorarmos tantas pessoas que viveram conosco, sentaram nos nossos bancos e que estão na felicidade eterna de Deus, que já estão com Deus. “Antes de ser uma definição moral, a santidade define o ser de Deus e o ser do homem, com o qual Deus está em contínua relação de amor” (M. Grilli, In ascolto della Voce, 245). Existem muitos caminhos de santidade, mas todos provêm da relação profunda com Deus, em que Ele vai transformando o ser humano em criatura nova, capaz de viver em aberta e profunda relação com Deus e com os outros. A santidade nos mostra que este mundo em que vivemos não é o definitivo da nossa vida, mas que o definitivo é somente Deus.

O Evangelho nos apresenta o texto das bem-aventuranças (Mt 5,1-12). As bem-aventuranças não são normas para levar a vida segundo a Lei, mas é a proclamação de felizes dirigida a pessoas que se encontram em situações bem concretas de vida por fidelidade a Jesus Cristo e ao seu Reino. É um discurso de Jesus dirigido aos discípulos, àqueles que O seguem, que se tornaram discípulos de Jesus. As bem-aventuranças expressam a fidelidade do discípulo a Jesus Cristo e ao seu Evangelho, por isso se aplicam ao pobre, a quem promove a justiça, ao misericordioso, ao puro de coração, àquele que promove a paz, ao perseguido por causa da justiça. As bem-aventuranças terminam proclamando felizes os discípulos quando são perseguidos, caluniados e sofrem por causa do nome de Jesus Cristo. As bem-aventuranças prometem uma recompensa no futuro. Somente em duas delas o verbo está no presente: “Bem-aventurados os pobres em espírito por que deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3) e “bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, por que deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10). Nos outros casos, o verbo se encontra no futuro, pois a recompensa será futura, na eternidade de Deus.

As bem-aventuranças propõem um caminho de perfeição, de santidade para nós. Papa Francisco afirma que “nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia a dia da nossa vida” (Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, 63). As bem-aventuranças não são um compromisso leve ou superficial; elas só podem ser vividas com a ajuda do Espírito que nos liberta de nós mesmos e nos insere na dinâmica de Cristo, da realização da vontade de Cristo. Elas nos ajudam a sair do nosso egoísmo, a assumir o caminho do amor na direção de grandes ideais.

Quando contemplamos os santos e as santas, percebemos que buscar a vida bem-aventurada exige vencer constantemente o nosso egoísmo. Quem não se admira com um heroísmo de São Francisco de Assis, a vida de Santa Madre Tereza, a vida de Santa Dulce dos pobres? Quem não se encanta com a vida desses santos? Eles e elas mostram para nós que a santidade é um caminho para todos, pois o ser humano traz em si um apelo à perfeição, à superação de si mesmo, seja no aspecto profissional, na vida acadêmica, na dimensão humana etc. A santidade é a resposta Àquele que nos criou por amor e nos salva por amor. Deixemos a santidade ir tomando forma na nossa vida, façamos das bem-aventuranças uma realidade na nossa vida em pequenos gestos quotidianos.