Em vez de aguardar uma exortação apostólica, o Papa optou por publicar o documento imediatamente, destacando a necessidade de “uma conversão sinodal” em todas as esferas da Igreja, que agora entra na fase de implementação dessas orientações.
O documento final do Sínodo enfatiza uma série de reformas e propostas para tornar a Igreja mais inclusiva, participativa e conectada com as comunidades locais. Entre os principais pontos estão a descentralização e a ênfase em maior participação dos leigos e na escuta ativa das comunidades católicas. Um destaque importante do documento é o pedido de mecanismos para melhorar a transparência, incluindo a prestação de contas financeira e a criação de conselhos paroquiais e diocesanos regulares para promover o diálogo e a consulta na tomada de decisões.
Transparência e Prestação de Contas
O documento apela para um compromisso intenso dos Bispos com a transparência e prestação de contas, tema que emergiu com força durante as sessões sinodais. Segundo o Cardeal Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, estão sendo discutidos passos concretos para dar mais voz e influência às mulheres na estrutura eclesial. Esse movimento busca abordar o que o Sínodo considerou um dos “pecados históricos” da Igreja: o sentimento de exclusão vivido por mulheres e outros grupos marginalizados.
Evangelização no mundo digital
A evangelização no ambiente digital é um dos temas mais inovadores do documento. O Sínodo reconhece que a missão da Igreja precisa se adaptar ao contexto virtual, especialmente entre os jovens. Cada cristão, afirma o documento, é chamado a evangelizar nos espaços digitais, promovendo valores cristãos e construindo uma cultura de fé online. Para apoiar esse trabalho, a Igreja deverá reforçar a formação espiritual e pastoral dos missionários digitais.
Estrutura reformada para fortalecer a comunidade
Composto por cinco partes, o documento organiza a missão e visão de uma Igreja sinodal. A primeira parte reafirma a “sinodalidade” como um chamado ao compromisso e à reforma estrutural, e a terceira seção discute práticas concretas, como a criação de processos decisórios mais transparentes, baseados no diálogo e na prestação de contas. O documento também sugere a colaboração entre as igrejas locais e o Vaticano, incentivando que a Santa Sé consulte os bispos antes de emitir normas importantes.
O Sofrimento como parte da Missão
O documento não ignora as questões sociais e humanitárias urgentes, fazendo uma conexão entre o sofrimento das populações marginalizadas e as “feridas do Cristo Ressuscitado”. Com uma mensagem clara, o Sínodo reitera que a Igreja deve se solidarizar com os que sofrem devido a guerras, mudanças climáticas e desigualdades sociais, incentivando uma ação mais compassiva e ativa nas questões globais.
Formação de Discípulos e um apelo Ecumênico
A última seção do documento propõe uma formação contínua e integral para todos os membros da Igreja, de modo que o laicato e os clérigos caminhem juntos na missão. Reafirma-se, ainda, o compromisso ecumênico, com uma Igreja orientada para a unidade plena dos cristãos e em colaboração com outras denominações religiosas.
A decisão de divulgar o Documento Final diretamente como parte do magistério é um marco da liderança de Francisco e de sua visão de uma Igreja aberta e em constante diálogo com o mundo moderno.