A Assunção Gloriosa de Maria

Estamos celebrando a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Esse dogma coloca diante de nós o mistério de Maria, a sua unidade com o seu Filho Jesus e o pré-anúncio da glória futura dos filhos de Maria, os discípulos de Jesus Cristo: “‘A Imaculada Virgem Maria, preservada de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à gloria celeste. Para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos Senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo’. A assunção da Virgem Maria é singular participação na ressurreição de seu Filho e antecipação da ressurreição dos outros cristãos” (Catecismo da Igreja Católica, n. 966). O dogma afirma aquilo que Deus fez em Maria e, ainda, é pré-anúncio daquilo que acontecerá com os outros cristãos, quer dizer, conosco que seguimos Jesus Cristo.

A cena evangélica da visitação de Nossa Senhora a sua prima Isabel (Lc 1, 39-56) revela Maria, “que em seu seio leva a esperança do mundo pelos montes da história” (Bento XVI, Spe Salvi, n. 50). Após o anúncio do anjo, ela sobe a região montanhosa para se encontrar com Isabel (Lc 1, 39s). Ela é a estrela da evangelização sempre renovada, que a Igreja, obediente ao mandato do Senhor, deve promover e realizar, sobretudo nestes tempos difíceis, mas cheios de esperança”. Todos somos chamados a sermos portadores de esperança, da grande Esperança que é Jesus Cristo. Essa cena revela o encontro da promessa e da realização salvadora de Deus. Na imagem dessas duas mulheres, as duas Alianças se complementam designando e apontando alegremente que o fruto bendito do seio de Maria é esperança agora realizada. Zacarias, Isabel, João e Maria tornam contemporânea a esperança “esperante”, ativa, profética, alegre e cantante dos feitos de Deus na vida do seu povo: “Veio em socorro de Israel seu servo lembrado de sua misericórdia” (Lc 1, 54). Isabel reconhece, lê e experimenta aquilo que Deus está realizando em Maria. Ela narra o que a saudação de Maria lhe causou: “(…) a criança pulou de alegria no meu ventre” (Lc 1, 44). E, ainda, Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Maria gera por obra do Espírito e a sua saudação a Isabel faz com que, também, Isabel fique cheia do Espírito.

Maria é a alma agradecida que no Magnificat canta aquilo que o amor misericordioso de Deus realizou na sua história e na história do seu povo. O Senhor olhou para a sua humildade e fez grandes coisas nela. Tudo o que acontece em Maria é obra do amor misericordioso de Deus. A misericórdia de Deus se estende de geração em geração. Deus foi assistindo o seu povo no decorrer da história, foi se abaixando e vindo ao encontro de seus sofrimentos, de suas dores e de suas infidelidades, pois a misericórdia é o amor proveniente das entranhas de Deus que veio ao encontro de Maria e vem constantemente ao nosso encontro. Maria descreve como a ação de Deus se volta para os humildes exaltando-os e elevando-os, pois a humildade, dizia Papa Francisco, é o DNA de Deus. Contemplemos, nesta solenidade, o que Deus fez na Bem-aventurada Virgem Maria e realizará, também, em cada um de nós que seguimos Jesus Cristo.

Cardeal Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília