Após a saudação de Dom Rino Fisichella e a Lectio Magistralis de Dom Juan Ignacio Arrieta, o Santo Padre dirigiu-se aos participantes destacando a necessidade de refletir mais profundamente sobre a função da justiça, “indispensável tanto para o desenvolvimento ordenado da sociedade quanto como virtude cardinal que inspira e orienta a consciência de cada homem e mulher”.
O Papa lembrou que a justiça não pode se limitar à aplicação da lei ou a procedimentos processuais, mas deve colocar no centro a dignidade da pessoa, sua relação com o próximo e o bem comum. “Na justiça, de fato, conjugam-se a dignidade da pessoa, sua relação com o outro e a dimensão da comunidade feita de convivência, estruturas e regras comuns”, afirmou.
Citando o Catecismo da Igreja Católica, Leão XIV ressaltou que a justiça é, antes de tudo, uma virtude: “a vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido”. E acrescentou: “é a força do perdão, própria do mandamento do amor, que emerge como elemento constitutivo de uma justiça capaz de conjugar o sobrenatural com o humano. O mal não deve apenas ser punido, mas reparado”.
O Pontífice também destacou que a verdadeira igualdade só se realiza quando todos têm garantidos seus direitos fundamentais e oportunidades de desenvolvimento. Para ele, os operadores do direito são chamados hoje a recuperar valores esquecidos na convivência social, diante de comportamentos e estratégias que demonstram desprezo pela vida humana e pelas liberdades.
Recordando Santo Agostinho, o Papa advertiu que “a justiça não é tal se não for ao mesmo tempo prudente, forte e moderada”. Segundo ele, buscá-la exige “atenção constante, desinteresse radical e discernimento assíduo”. E acrescentou: “A grandeza da justiça não diminui quando se exerce nas pequenas coisas, mas emerge sempre quando é aplicada com fidelidade ao direito e ao respeito pela pessoa”.
Em sua conclusão, o Papa retomou a bem-aventurança de Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6), afirmando que essa sede deve inspirar todos os que trabalham no serviço da justiça. Com palavras de Santo Agostinho, reforçou: “O Estado, no qual não há justiça, não é um Estado”. E desejou que cada operador exerça sua missão sempre em vista do respeito à dignidade humana e da busca pelo bem comum.
Com foto e informações do Vatican News.