A Liturgia da Palavra deste domingo coloca no centro a oração. Rezar é humildemente elevar a alma até Deus colocando diante do seu amor nossos pedidos, agradecendo, adorando. A oração nos tira da nossa autonomia e faz que nos percebamos “mendigos diante do amor eterno de Deus”. Santa Terezinha define a oração: “Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (Sta Terezinha, Manuscrito C, 25r). A sagrada Escritura apresenta os grandes personagens bíblicos rezando. Na primeira leitura (Ex 17, 8-13), tem-se Moisés como o grande orante. Moisés representa a fraqueza de Israel sem o seu Senhor, pois, quando as suas mãos se abaixam e o bastão de Deus não é visível ao povo, Israel perde; mas também a força de Deus, pois, quando suas mãos se levantam e o bastão é visível, Israel vence. Assim, a oração nos faz reconhecer a nossa pobreza. O homem clama e grita porque não se basta, não pode dar a si mesmo tudo que necessita.
No Evangelho (Lc 18, 1-8), “a protagonista é uma viúva que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça. E Jesus conclui: se a viúva conseguiu convencer aquele juiz, julgais que Deus não nos ouve, se lhe suplicarmos com insistência? A expressão de Jesus é muito forte: ‘Porventura não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite?’ (Lc 18, 7). ‘Clamar dia e noite’ por Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas interroguemo-nos: por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem ‘insistir’ com Deus? Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus convida-nos a rezar com insistência, não porque não sabe do que nós temos necessidade, nem porque não nos ouve.
Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. No nosso caminho quotidiano, especialmente nas dificuldades, na luta contra o mal fora e dentro de nós, o Senhor não está distante, está ao nosso lado; nós lutamos, tendo-o ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença ao nosso lado, a sua misericórdia e também a sua ajuda. Mas a luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência — como Moisés, que devia manter as mãos levantadas para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Ex 17, 8-13). É assim: há uma luta a empreender todos os dias; mas Deus é o nosso aliado, a fé nele é a nossa força e a oração é a expressão desta fé. Por isso, Jesus assegura-nos a vitória, mas no final interroga-se: ‘Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso encontrará a fé sobre a terra?’ (Lc 18, 8). Se se apaga a fé, apaga-se a oração, e nós caminhamos na escuridão, perdemo-nos no caminho da vida (…)” (Papa Francisco, Angelus de 20 de outubro de 2013). Que o encontro com esta Palavra de Deus nos ajude a perceber a nossa indigência e a rezar com insistência colocando nossas alegrias, esperanças e necessidades nas mãos amorosas de Deus.