Papa Leão XIV na COP30: “Se vocês querem cultivar a paz, cuidem da Criação”

Durante a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, o Papa Leão XIV enviou uma mensagem de forte apelo à responsabilidade ambiental e à solidariedade entre os povos. O texto foi lido pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, nesta sexta-feira (07/11).

Em suas palavras, o Santo Padre destacou que “em um mundo em chamas, tanto pelo aquecimento global quanto pelos conflitos armados, esta Conferência deve se tornar um sinal de esperança”. Ele lembrou que cuidar da Criação “é uma expressão de humanidade e solidariedade”, e que existe “uma clara ligação entre a construção da paz e a custódia da Criação”.

Na mensagem, o Papa advertiu que a paz também é ameaçada pela destruição ambiental, pela exploração dos recursos naturais e pela degradação da qualidade de vida provocada pelas mudanças climáticas. Diante desses desafios globais, ele ressaltou a necessidade de uma cooperação internacional mais coesa, “capaz de colocar no centro a sacralidade da vida, a dignidade de cada ser humano e o bem comum”.

O Pontífice alertou ainda para as posturas egoístas e individualistas que dificultam esse caminho: “Observamos abordagens políticas e comportamentos humanos caracterizados pelo egoísmo coletivo, pela falta de consideração pelo outro e pela miopia”.

Recordando o magistério de São João Paulo II, Leão XIV reafirmou que a crise ecológica é também um problema moral. “Há uma urgente necessidade de uma nova solidariedade, especialmente nas relações entre os países em desenvolvimento e os altamente industrializados”, afirmou. Segundo o Papa, os Estados devem cooperar na promoção de um ambiente natural e social “pacífico e saudável”.

Ele destacou ainda que os mais vulneráveis são sempre os primeiros a sofrer as consequências das mudanças climáticas, do desmatamento e da poluição. “Cuidar da Criação torna-se, portanto, uma expressão concreta de humanidade e solidariedade”, afirmou, pedindo que as reflexões se transformem em “escolhas e ações baseadas na responsabilidade, na justiça e na equidade”.

O Santo Padre pediu que a resposta à crise climática envolva toda a sociedade — governos, pesquisadores, jovens, empresários, organizações religiosas e a sociedade civil. Relembrando o Acordo de Paris, assinado há uma década, ele reconheceu os avanços, mas também lamentou a lentidão no cumprimento das metas. “É preciso acelerar com coragem a implementação dos compromissos assumidos”, exortou.

O Papa também recordou o décimo aniversário da encíclica Laudato si’, na qual o Papa Francisco chamou a humanidade à “conversão ecológica” e lembrou que o clima é um bem comum, “de todos e para todos”.

Ao concluir sua mensagem, Leão XIV convidou os participantes da COP30 a abraçarem com coragem essa conversão ecológica “com pensamentos e ações”, tendo sempre em mente “o lado humano da crise climática”.

Ele expressou o desejo de que surja uma nova arquitetura financeira internacional centrada no ser humano, capaz de garantir o desenvolvimento integral dos países mais pobres e vulneráveis. Também defendeu uma educação para a ecologia integral, que ajude as pessoas a compreender como cada decisão — pessoal, familiar, comunitária ou política — molda o futuro comum.

“Que todos os participantes desta COP30 se comprometam a proteger e cuidar da Criação que nos foi confiada por Deus, a fim de construir um mundo pacífico”, concluiu o Papa.

Encerrando a leitura da mensagem, o Cardeal Pietro Parolin assegurou as orações do Santo Padre “enquanto, nesta COP30, tomam-se decisões importantes para o bem comum e o futuro da humanidade”.

Com foto e informações do Vatican News.