O encontro, moderado por Andrea Monda, diretor do L’Osservatore Romano, refletiu sobre o sentido profundo da ação educativa e o papel do educador na formação humana e espiritual.
No centro da reflexão, destacou-se a ideia que fundamenta o livro de Affinati: a paixão pela educação. Durante o colóquio, o Cardeal Tolentino observou que “a escola é uma história de amor — e de um grande amor — porque se transmite a alguém um tesouro, um patrimônio, sem o condicionar. O que os estudantes farão com aquilo que a escola lhes doou é sempre uma surpresa.”
O amor pelo ato educativo, presente em cada página da obra, inspirou também as palavras do Cardeal, que descreveu o livro como “um manifesto de esperança”.
“Uma cidade como Roma pode ser narrada a partir das figuras de homens e mulheres movidos pela paixão de transmitir aquilo de que o Papa Leão falou hoje sobre a interioridade, a unidade, o amor e a alegria. Pessoas que se expuseram e se envolveram para criar formas originais de busca pela verdade, porque educar é buscar juntos a verdade”, afirmou o prefeito do Dicastério.
Eraldo Affinati, conhecido por unir literatura e pedagogia, afirmou que sua inspiração partiu da matriz original do olhar de Cristo. “O olhar de Jesus, quando, pela primeira vez, desceu de Cafarnaum e cruzou o olhar dos pescadores no lago de Tiberíades. Aqueles homens O seguiram porque confiaram. Assim também o professor, cada vez que entra na sala de aula, deve conquistar a confiança dos seus alunos.”
O escritor recordou que, em Roma, encontram-se os “pais espirituais da consciência educativa ocidental”, figuras como São Pedro, Santo Agostinho, Maria Montessori e John Patrick Carroll Abbing, que moldaram o pensamento e a prática pedagógica da Igreja e do mundo.
O diálogo também fez referência à Carta Apostólica de Leão XIV, “Traçar novos mapas da esperança”, onde o Papa afirmou que “A educação, como recordei na minha Exortação Apostólica Dilexi te, é uma das expressões mais elevadas da caridade cristã. O mundo precisa desta forma de esperança.”
Instigado por Andrea Monda sobre o papel da educação na missão da Igreja, o Cardeal Tolentino apresentou uma imagem marcante: o educador como parteira que faz nascer. “A questão é como se anuncia o Evangelho, porque o anúncio é inseparável da fidelidade à pessoa”, afirmou.
Segundo o Cardeal, todo ser humano está em processo de nascimento contínuo, e a educação é o espaço que possibilita esse crescimento interior. “O nosso nascimento não ocorreu apenas uma vez na biografia, mas é uma condição permanente. Tornamo-nos aquilo que somos através da educação, um caminho de saída de si mesmo para um reencontro mais profundo com o próprio interior.”
Tolentino destacou ainda que, na tradição da Igreja, educar é mais que uma profissão: é uma aliança com o ser humano, um serviço à dignidade e à vocação de cada pessoa.
“O Santo Padre, em seu discurso aos educadores, recordou que a Igreja é Mãe e Mestra. Educar é participar desse gesto materno da Igreja, que gera, acolhe e acompanha.”
Entre os temas mais significativos do encontro, esteve o da liberdade, que Affinati definiu como essencial à relação educativa. “O verdadeiro aprendizado da liberdade acontece quando se compreende o próprio limite.”
O autor destacou que os jovens precisam encontrar adultos credíveis, que os acompanhem com coerência e sensibilidade. “O discurso educativo deve ser de todos, não apenas da escola, e precisa enfrentar as novas fragilidades, integrando a técnica sem jamais perder de vista o humano”, afirmou.
Tolentino e Affinati encerraram o diálogo reafirmando que educar é um ato de esperança e de fé na humanidade, um gesto que continua a fazer nascer o futuro através do encontro entre gerações, saberes e corações.
Com foto e informações do Vatican News.