Diante de milhares de peregrinos, o Pontífice refletiu sobre a dimensão pascal da vida cristã, recordando que a fé na morte e ressurreição de Cristo deve inspirar atitudes concretas de amor e esperança.
“Acreditar na morte e ressurreição de Cristo e viver a espiritualidade da Páscoa incute esperança na vida e encoraja-nos a investir na bondade”, afirmou.
O Papa explicou que a fraternidade brota da própria condição humana, pois o ser humano é chamado à comunhão e ao encontro. “Somos capazes de nos relacionar e, se quisermos, sabemos construir laços autênticos entre nós”, destacou, lembrando que essas relações “sustentam e enriquecem a vida desde o início”.
Contudo, o Pontífice alertou para os riscos do isolamento e do individualismo, que alimentam uma cultura de fechamento e indiferença: “Se nos isolarmos, corremos o risco de adoecer de solidão e até de desenvolver um narcisismo que nos leva a preocupar-nos com os outros apenas por interesse próprio.”
Reconhecendo as tensões e conflitos que marcam o mundo atual, o Santo Padre afirmou que a fraternidade, embora desafiadora, não é um sonho impossível. “Muitos conflitos, guerras e tensões sociais parecem demonstrar o contrário. Contudo, a fraternidade não é um sonho belo e impossível. Para vencer as sombras que a ameaçam, é preciso voltar às fontes e buscar a luz e a força n’Aquele que nos liberta do veneno da inimizade.”
O Papa evocou o exemplo de São Francisco de Assis, que se dirigia a todos com a saudação “omnes fratres” — “todos irmãos” —, expressão de uma fraternidade sem fronteiras.
“Era a forma inclusiva com que o Santo colocava todos os seres humanos no mesmo patamar, reconhecendo neles um destino comum de dignidade, diálogo, acolhimento e salvação”, afirmou o Pontífice.
Segundo o Papa Leão XIV, esse “todos” resume um traço essencial do cristianismo: a Boa Nova é universal e jamais exclusiva. O Papa recordou que a fraternidade cristã tem suas raízes no mandamento novo de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,12).”
Cristo, morto e ressuscitado, revelou que o amor é capaz de transformar radicalmente as relações humanas. “A fraternidade concedida por Cristo liberta-nos da lógica negativa do egoísmo, da divisão e da prepotência, e reconduz-nos à nossa vocação original, em nome de um amor e de uma esperança que se renovam todos os dias.”
Ao concluir a catequese, o Pontífice exortou os fiéis a viverem a fraternidade como testemunho visível da fé no Ressuscitado. “Os irmãos e as irmãs apoiam-se mutuamente nas provações, não viram as costas aos necessitados, choram e alegram-se juntos. O Ressuscitado mostrou-nos o caminho a percorrer com Ele, para nos sentirmos e sermos todos irmãos.”
Com palavras de ternura e firmeza, o Papa reafirmou que viver a fraternidade não é uma utopia, mas uma tarefa essencial e urgente, capaz de curar as feridas do mundo e restaurar a esperança onde a indiferença e o egoísmo ainda predominam.
Com foto e informações do Vatican News.