Durante a catequese, inserida no ciclo de reflexões do Jubileu da Esperança, o Santo Padre aprofundou o tema “A Páscoa como refúgio do coração inquieto” e fez um forte apelo contra a idolatria do dinheiro e do acúmulo de bens. Segundo ele, a concentração injusta de riquezas, muitas vezes idolatrada, custa o sofrimento de milhões de vidas humanas e a devastação da criação de Deus.
“O verdadeiro tesouro guarda-se no coração, não nos cofres da terra, nem nos grandes investimentos financeiros, nunca tão enlouquecidos e injustamente concentrados como hoje”, afirmou o Pontífice.
Antes de se dirigir à Praça São Pedro, o Papa encontrou-se com doentes reunidos na Sala Paulo VI. Ao saudá-los pessoalmente, concedeu-lhes a bênção e expressou o desejo de que a alegria do Natal acompanhasse cada um, suas famílias e entes queridos, exortando-os a permanecer sempre confiantes nas mãos do Senhor.
Ao iniciar a catequese, o Pontífice observou que a vida humana é marcada por um movimento constante que impulsiona à ação e ao fazer contínuo. Embora reconheça o valor do compromisso e da responsabilidade, lembrando que o próprio Jesus se envolveu profundamente com a vida e com as pessoas, o Papa advertiu para o risco de um ativismo excessivo, que pode roubar a serenidade interior e afastar do essencial.
“Por vezes, ao final de dias repletos de atividades, sentimo-nos vazios. Por quê? Porque não somos máquinas, temos um coração; ou melhor, somos um coração”, destacou.
Interpretar a vida à luz da Páscoa, explicou o Santo Padre, significa reencontrar o caminho para a essência da pessoa humana. Citando Santo Agostinho, recordou que o coração permanece inquieto enquanto não repousa em Deus. Essa inquietação, longe de ser negativa, indica que o ser humano está em caminho, em busca de um “regresso a casa”.
O Papa Leão XIV destacou que a plenitude do coração não se alcança na posse de bens materiais, mas na experiência do amor de Deus, que é o verdadeiro tesouro. Esse amor, porém, manifesta-se concretamente no amor ao próximo, no encontro com irmãos e irmãs de carne e osso, cuja presença desafia, interpela e convida à abertura e à doação. “O nosso próximo pede-nos para abrandar o ritmo, para olhá-lo nos olhos, por vezes para mudar de planos, talvez até para mudar de direção”, afirmou.
Concluindo a catequese, o Santo Padre ressaltou que ninguém pode viver sem um sentido que ultrapasse o imediato e o contingente. O coração humano foi criado para a plenitude, e não para a carência. Essa esperança tem um fundamento sólido em Jesus Cristo que, por meio da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição, estabeleceu uma esperança que não decepciona. “O coração inquieto não se desiludirá se se entregar ao dinamismo do amor para o qual foi criado”, afirmou o Papa.
A vitória da vida, concluiu o Pontífice, já é certa em Cristo e continua a manifestar-se em cada “morte” da vida cotidiana. Essa é a esperança cristã, dom pelo qual a Igreja é chamada a bendizer e agradecer sempre ao Senhor.
Com foto e informações do Vatican News.