A Arquidiocese de Brasília foi criada pelo Papa São João XXIII no dia 16 de janeiro de 1960 através da bula Quandoquidem Nullum e instalada no mesmo dia da inauguração da nova Capital Federal no dia 21 de abril de 1960.
Bula de criação da Arquidiocese de Brasília
João Bispo, Servo dos Servos de Deus para Perpétua Memória
Visto como império algum ou república, célebres embora. pelas riquezas ou protegidos de elevadas fortalezas, jamais se conservaram sem o florescimento da piedade para com Deus, condição necessária da união entre os homens, do revigoramento da justiça, que é o fundamento das relações sociais, e da caridade desvelada para com a pátria e os cidadãos, por isso, a Igreja, Mãe de todas as gentes que cada dia gera para Cristo, julgou sempre de seu dever e procurou com empenho impregnar as instituições civis, de influência sobrenatural e tornar a religião causa e salvação para os povos. Eis por que, como o venerável Irmão Armando Lombardi, Arcebispo titular de Cesareia de Filipe e Núncio Apostólico dos Estados Unidos do Brasil, a pedido do próprio Presidente da República, após ter ouvido o venerável Irmão Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia, pedisse a Santa Sé se dividisse a Arquidiocese de Goiânia e neste lugar se erigisse nova Arquidiocese, Nós, na convicção de que a medida aproveitará ao muito
ilustre povo brasileiro, e suprindo o consentimento daqueles que neste assunto tenham algum direito, com o parecer dos Nossos Veneráveis Irmãos Cardeais, encarregados da S. Congregação Consistorial, com Nossa autoridade apostólica, “decretamos e mandamos” o que segue.
Separamos da Arquidiocese de Goiânia o território que constitui, pela lei civil, o novo Distrito Federal da República do Brasil.
Formamos com este território outra Arquidiocese, diretamente dependendo da Santa Sé, a chamar-se BRASILIAPOLITANA, do nome da nova e vastíssima cidade de BRASÍLIA, brevemente Capital da República, com os mesmos limites do Distrito Federal pela lei civil. Mandamos que se coloque na cidade de Brasília a Sede da Arquidiocese onde o venerável Antistite com domiciliar. Por-se-á a Cátedra Episcopal no templo de Nossa Senhora Aparecida, isenta de toda a mancha do pecado, templo a ser proximamente dedicado à mesma Virgem, e que elevamos dignidade de igreja arquiepiscopal com todos os direitos, honras e privilégios que a tais templos o direito comum outorga, o venerável Antistite a par de fruir dos devidos direitos cumprir também os encargos e obrigações.
Estabeleça-se na igreja de Brasília um Cabido de Cônegos para honrar a Deus com as Sagradas Cerimônias, segundo as normas a serem dadas por outras letras autênticas. Por enquanto, elejam. se Consultores Diocesanos para auxiliarem ao Arcebispo.
Construa o Antistite igualmente ao menos o Seminário Menor, conforme as normas do direito comum e da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades de Estudos, e isto sob obrigação grave.
Assim que crescerem os jovens, sejam enviados a Roma os melhores dentre eles ao colégio Pio Brasileiro, para cursarem Filosofia e Teologia. Ficará a mesa episcopal constituída dos proventos da Cúria, do auxílio a ser dado pela autoridade civil, pela conveniente porção dos bens que tocarem a nova sede, segundo o cânone 1500 do Código de Direito Canônico, após divisão dos bens da Arquidiocese de Goiânia.
Quanto ao Clero, mandamos que, uma vez executadas estas nossas Letras, sejam os sacerdotes adscritos àquela igreja em que tinham ofício ou benefício; e os demais clérigos, à Igreja em que possuíam domicílio. O regime, a administração da nova circunscrição, a eleição do Vigário Capitular na vacância da sede e tudo o mais nesta matéria regulem se pelo Direito Canônico. Remetam se com presteza à Cúria Episcopal da nova sede as Atas e os Decretos da fundação e aí se conservem no Arquivo Público dos assuntos religiosos.
De resto, cuidará nosso Irmão Armando Lombardi, de executar estas nossas Letras por si ou por outrem, com as devidas faculdades. Quando tudo se efetivar, mandará que se exarem os documentos, cujas cópias autênticas velará para que sejam enviadas à Sagrada Congregação Consistorial. Se contudo, por este tempo, outro for o Núncio do Brasil, também ele cuidará para que se executem estas nossas ordens. Queremos que estas nossas Letras, sejam eficazes agora e no futuro; e de tal modo que se observem religiosamente as coisas decretadas por aquelas a quem possam interessar, e assim tenham o seu efeito.
Nada em contrário, seja de que natureza for, poderá prejudicar a eficácia destas letras, porque por elas a tudo derrogamos. E então, se alguém revestido seja de que autoridade for, ou saiba ou ignore, proceder diferentemente do que ordenamos, queremos que isso seja tido como completamente nulo e sem efeito.
A ninguém, portanto, seja lícito infringir ou alterar estes nossos documentos; ainda mais, as cópias e os tópicos destas Letras, quer impressos, quer manuscritos, que apresentarem o selo de algum varão constituído em dignidade eclesiástica e a assinatura de algum notário público, terão a mesma autoridade que estas próprias Letras.
E se alguém desprezar, ou de qualquer modo recusar estes nossos Decretos, saiba que estará sujeito às penas que o direito estatui contra aqueles que não executarem as ordens dos Sumos Pontífices.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 16 de janeiro, do Ano do Senhor, de 1960, segundo de Nosso Pontificado.
Jaime Aloísio Card. Copello, S.R.C. Chanceler
Marcelo Card. Mimmi, Bispo Sabinen e Mandelen, Secretário
Hamlet londini, Diretor da Chancel. Apost. e
Francisco Hannibal Ferretti, Prot. Apost.
A história da Arquidiocese confunde-se com a história da nova capital. Brasília foi inaugurada, levando em conta a devoção de seu fundador, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, tendo como primeiro ato formal uma Santa Missa que fora oficiada pelo legado pontifício Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, Patriarca de Lisboa. No altar da primeira Missa estava a cruz do Frei Henrique de Coimbra, diante da qual foi celebrada a Primeira Missa no Brasil em 1500. A Missa de inauguração da Capital começou às 23h45 do dia 20 de abril de 1960, às 00h30 do dia 21 de abril, o Cardeal Patriarca de Lisboa deu a solene bênção à nova Capital sob os olhares do presidente da república, a primeira-dama, diversas autoridades nacionais e internacionais, número expressivo de fiéis, como também, numeroso acorrer de bispos e padres.
Na manhã do mesmo dia 21 de abril, às 10h15, a Arquidiocese
de Brasília foi instalada em solenidade que acontecera no local onde estava
sendo construída a Catedral Metropolitana da cidade. Com esta solenidade toma
posse como primeiro Arcebispo de Brasília Dom José Newton de Almeida Baptista
que governou a Arquidiocese até 1984, quando, por limite de idade, enviou a sua
carta de renúncia ao Santo Padre.
Em junho de 1962, Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira da Arquidiocese de Brasília e São João Bosco seu padroeiro secundário, tendo em vista a forte ligação do santo com a cidade, quando de um de seus sonhos proféticos ele via uma cidade promissora de onde jorraria leite e mel .
Iniciada de forma diferente de todas as outras dioceses do Brasil, a Arquidiocese de Brasília teve que contar com a bondade de diversos bispos e congregações do Brasil que enviaram padres, religiosos e seminaristas para constituir o clero da nova Capital. O primeiro seminarista de Brasília foi o, hoje, Arcebispo emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que acompanhou Dom José Newton durante os primeiros anos de evangelização no Distrito Federal. Além de alguns padres diocesanos, algumas congregações religiosas auxiliaram na gênese da evangelização: Lazaristas, Salesianos, Missionários do Sagrado Coração, Redentoristas, Dominicanos, carmelitas, Agostinianos, Camilianos, Capuchinhos, Estigmatinos, Sacramentinos, Jesuítas, Espiritanos, Verbitas, Cordimarianos, Missionários da Consolata. Congregações femininas também acorreram ao Planalto Central para auxiliar na educação, vida pastoral, evangelização.
A Maior preocupação de Dom Newton era a criação do Seminário. Ele afirmava que o Seminário era a pupila dos olhos do Arcebispo. A Dom Newton foi doada a área onde, hoje, se encontra o Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília Nossa Senhora de Fátima. Mas a história vocacional da capital começou com a fundação, no dia 01 de março de 1962, do Seminário Menor confiado aos padres lazaristas. Com a crise das vocações em escala mundial, em 1972 o Seminário teve suas atividades suspensas, sendo elas retomadas, já como Seminário Maior, em 25 de março de 1976.
Dom José Newton empreendeu uma grande obra na criação de paróquias nos diversos locais do DF. Tão logo iam surgindo as cidades satélites (hoje chamadas de regiões administrativas), logo se verificava a existência de terrenos e grupos para que a assistência religiosa fosse dada naquele local.
Em 1970 a Arquidiocese de Brasília recebeu, no ano em que completou 10 anos, o VIII Congresso Eucarístico Nacional com o tema: “Batismo, Crisma e Eucaristia, os três sacramentos da iniciação cristã” e lema: “À mesa do Senhor.” O Santíssimo Sacramento foi levado de Porto Seguro – BA até Brasília por um sacerdote e um grupo de fiéis leigos em adoração num avião, chegando a praça do Congresso Eucarístico, onde fora fincada uma cruz projetada por Oscar Niemeyer, localizada, atualmente, na praça entre o Museu e a Biblioteca da República na Esplanada dos Ministérios. O evento teve início no dia 27 de maio de 1970. Dentro das atividades do VIII Congresso Eucarístico, realizou a dedicação da Catedral Metropolitana de Brasília no dia 31 de maio de 1970, depois da conclusão das obras da Igreja Mãe da Arquidiocese de Brasília.
Em 1980, a Arquidiocese recebe a visita do Papa São João Paulo II. Com uma Missa na Esplanada dos Ministérios com a participação de 800 mil pessoas, este foi o maior evento já registrado na história da Capital até então.
Em 1984, Dom José Newton apresenta sua renúncia ao governo da Arquidiocese por limite de idade, sendo sucedido pelo, até então, Arcebispo Metropolitano de Teresina, Dom José Freire Falcão.
Dom Falcão governou a Arquidiocese de Brasília durante 20 anos. Teve a grata alegria de ser anfitrião da segunda visita papal à Capital Federal em 1991 com vários eventos presididos pelo Romano Pontífice.
Dom José Freire Falcão alavancou a criação de muitas paróquias nos diversos rincões do Distrito Federal que tinha seu crescimento populacional se dando de forma exponencial. Auxiliado por seus bispos auxiliares promoveu o incremento das vocações sacerdotais, ordenando dezenas de novos padres.
No governo de Dom Falcão, foram criadas muitas instâncias pastorais, bem como, iniciativas de formação do laicato como a Escola Catequética da Arquidiocese, o Curso Superior de Teologia e a Escola Diaconal São Lourenço. O segundo Arcebispo fundou o Seminário Missionário Redemptoris Mater, responsável pela formação dos presbíteros diocesanos que são enviados em missão para diversas partes do mundo.
Em 2004, o Cardeal José Freire Falcão envia sua carta de pedido de renúncia por limite de idade e é sucedido por Dom João Braz de Aviz, até então, Arcebispo de Maringá. Dom João foi responsável pela realização de Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral, além de incrementar as duas grandes festas da Arquidiocese de Brasília que acontecem na Esplanada dos Ministérios: Corpus Christi e Nossa Senhora Aparecida. Durante seu governo, foi realizado o XVI Congresso Eucarístico Nacional com o tema “Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários”, celebrando, também, o Jubileu de ouro da Arquidiocese de Brasília com a presença de todo o episcopado brasileiro no mês de maio de 2010. Neste período, também, fora inaugurada a nova sede da Cúria Metropolitana localizada ao lado da Catedral na Esplanada dos Ministérios, sendo obra do arquiteto Oscar Niemeyer.
Em 2011, Dom João Braz de Aviz foi nomeado Prefeito para a Congregação dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedade Apostólica no Vaticano, sendo sucedido por Dom Sergio da Rocha, até então, Arcebispo de Teresina-PI.
Dom Sergio da Rocha teve como marca de seu governo as visitas pastorais missionárias em que pode visitar toda a extensão da Arquidiocese de Brasília. Além disso, durante seu governo, a Arquidiocese vivenciou Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral, implementando as escolas de formação permanente dos vicariatos. Além disso, foi fundada a Faculdade de Teologia da Arquidiocese – FATEO.
Neste período, também, promoveu-se uma readequação da divisão do território arquidiocesano com a criação do Vicariato Leste, que fora desmembrado do Vicariato Sul que abarcava mais de 50% do território e da população do Distrito Federal.
Em 2020, o Cardeal Sergio da Rocha foi transferido para a Arquidiocese Primaz de São Salvador da Bahia, tendo como seu sucessor Dom Paulo Cezar Costa, até então, Bispo Diocesano de São Carlos – SP. Dom Paulo Cezar, ao assumir o pastoreio da Arquidiocese de Brasília, iniciou uma atualização do serviço curial para se adequar as exigências dos novos tempos. Com esta dinamicidade, tem-se realizado, na Arquidiocese, novas nomeações de párocos e serviço, criação de novas paróquias para responder as necessidades de evangelização das novas áreas urbanas que tem surgido no Distrito Federal.
Arcebispos na história da Arquidiocese
Dom JOSÉ NEWTON DE ALMEIDA BAPTISTA
Primeiro Arcebispo de Brasília
DOM JOSÉ CARDEAL FREIRE FALCÃO
Segundo Arcebispo de Brasília
DOM JOÃO CARDEAL BRAZ DE AVIZ
Terceiro Arcebispo de Brasília
DOM SERGIO CARDEAL DA ROCHA
Quarto Arcebispo de Brasília
