Cardeal brasileiro visita Ucrânia em guerra e leva mensagem de paz, unidade e esperança

Em missão pastoral, Dom Paulo Cezar Costa percorre santuários, hospitais e comunidades religiosas na Ucrânia e Polônia, celebrando a fé, denunciando a guerra e promovendo o diálogo entre Igrejas

Entre os dias 14 e 24 de julho, o Cardeal Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília, realizou uma significativa visita pastoral à Ucrânia e à Polônia. A convite da Conferência Episcopal Ucraniana, o Cardeal teve como objetivo central presidir a Santa Missa na tradicional peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora do Carmo, em Berdychiv, mas a missão superou a celebração litúrgica e se transformou em um itinerário de solidariedade, escuta e presença fraterna.

Acompanhado do chefe de gabinete episcopal, Padre Luiz Octávio de Aguiar Faria, o Cardeal enfrentou os desafios logísticos de um país em guerra, entrou na Ucrânia por via terrestre, por meio da Polônia, e percorreu centenas de quilômetros entre Lviv, Kiev, Berdychiv e Lutsk.

O Cardeal visitou o cemitério da cidade de Lviv, onde rezou pelos soldados mortos na guerra.

Presença pastoral em tempo de guerra
A viagem teve início em Lviv, onde Dom Paulo foi recebido por autoridades eclesiásticas locais e celebrou sua primeira Missa em solo ucraniano. Nos dias seguintes, já em Kiev, participou de um encontro com o Conselho Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas, instância de diálogo inter-religioso que reúne cristãos latinos, greco-católicos, ortodoxos, protestantes, judeus e muçulmanos.


Dom Paulo também visitou o hospital militar de Kiev, onde levou bênçãos e palavras de consolo a soldados feridos, e esteve na Nunciatura Apostólica e na Embaixada do Brasil, tratou da atuação humanitária e espiritual da Igreja em contexto de guerra.

O coração da peregrinação: Berdychiv
No dia 20 de julho, data do próprio aniversário do Cardeal, Dom Paulo presidiu a Missa da Peregrinação Nacional ao Santuário de Nossa Senhora do Carmo, em Berdychiv. A celebração reuniu milhares de fiéis e praticamente todos os bispos da Igreja Latina na Ucrânia. O gesto foi reconhecido pelos católicos locais como sinal de esperança e solidariedade internacional.

Unidade entre Igrejas e testemunho ecumênico
Na cidade de Lutsk, o Cardeal teve importantes encontros com líderes da Igreja Greco-Católica Ucraniana e da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, refletindo sobre a necessidade de unidade, fraternidade e oração comum entre os cristãos. No dia 22, participou da celebração da Festa de Santa Maria Madalena com a comunidade ortodoxa local e foi homenageado com palavras de apreço e reconhecimento.

Memória e misericórdia na Polônia
A viagem se encerrou em Cracóvia, onde Dom Paulo visitou os campos de concentração de Auschwitz-Birkenau, celebrou Missa na Basílica da Divina Misericórdia e venerou as relíquias de Santa Faustina Kowalska e São João Paulo II. Foram momentos de profundo silêncio, oração e contemplação da dor e da dignidade humanas.

“Eu quis ir à Ucrânia para ser solidário com o povo ucraniano. Quis ir para estar com eles, para que sentissem a presença de irmãos de outra parte do mundo, para mostrar para eles que não estão sozinhos, que há tanta gente rezando por eles, há tanta gente, em outras partes do mundo, sustentando-os com as suas orações, sustentando-os com a sua proximidade, falando desse horror da guerra na Ucrânia.Eu fui pedir à Virgem Maria, como presente, o dom da paz para eles. É claro que meu pedido é um só; é o pedido de um pobre Cardeal, de um pobre pastor, mas que, como filho, também intercede com eles à Virgem Maria, pedindo o dom da paz. E pedir foi o grande presente que pedi para ela. Espero que ela me una ao povo ucraniano. Uni minha pobre prece à prece daquele povo, que, acho, é muito mais forte do que a minha, pois é a que vem das lágrimas, que vem da dor, que vem do sofrimento, que vem do desespero, que vem de ver seus filhos morrendo. A prece deles, acho, é muito mais intensa do que a minha. Mas uni, também, a minha à daquele povo, pedindo pela paz, pedindo que a Virgem Maria, como mãe”

concluiu Dom Paulo.