Estamos celebrando São Pedro e São Paulo, dois grandes apóstolos de Jesus Cristo. Celebrá-los hoje nos interpela sobre nosso amor para com Jesus Cristo. São Pedro, em Cesareia de Filipos, responde à pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde que Jesus é o Filho do Deus Vivo, que Jesus não é um personagem meramente humano; que, diante do Deus Todo-poderoso, ele é o Filho Eterno. São Pedro, aos poucos, foi entrando no mistério de Cristo, foi fazendo de Cristo o tudo da sua vida. Ele que na paixão havia negado o mestre, depois reafirmará o seu amor três vezes pelo mestre. No fim de sua vida, ele a dará por amor a Jesus. A sua vida foi um seguimento de Jesus Cristo, um testemunho daquela sua afirmação em Cesareia de Filipos: “Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16, 16). São Paulo foi o homem que se encontrou com Cristo no caminho de Damasco e, a partir desse momento, colocou-se imediatamente no seu seguimento. São Paulo não mediu esforços para fazer com que o Evangelho saísse de Antioquia e chegasse ao centro do mundo habitado de então: Roma. Ele pôde testemunhar: “…Ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações…” (2Tm 4, 17). É o evangelizador tomado de amor por Jesus Cristo e que não mediu esforços para anunciar, para testemunhar Jesus Cristo. Ambos testemunharam em Roma o seu amor para com Cristo entregando a vida por ele.
Celebrar esses dois apóstolos questiona a cada um de nós acerca do nosso amor e do nosso testemunho de Jesus Cristo. É preciso, como São Pedro e São Paulo, apresentarmos a beleza de Cristo, mostrarmos que, somente no mistério de Cristo, o ser humano encontra o verdadeiro sentido para a sua vida, para a sua existência. São João Paulo II, na Novo Millenium Ineunte, pergunta: “Não é, por ventura, papel da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da história, fazer resplandecer o seu rosto diante das novas gerações do novo milênio?”. Sim, “refletir a luz de Cristo” é o grande papel da Igreja. Cabe aqui a pergunta: que face de Cristo estamos apresentando? São João Paulo II diz que “o nosso testemunho será pobre se não formos, antes, contempladores do rosto de Cristo”. Sermos contempladores do rosto de Cristo — aqui está o segredo para o nosso caminho de Igreja, para o nosso caminho pessoal.
Contemplando a beleza de Cristo, encontramos nele o verdadeiro sentido da vida. Em Cristo, o homem encontra o que é ser homem. Nele, o ser humano encontra o seu caminho, pois o mistério de Cristo revela ao homem o que é ser homem, pois Cristo é o homem segundo o projeto de Deus. A um ser humano que corre o risco de perder o sentido do que é ser homem, pois vai perdendo a sua origem e o seu destino, a Igreja lhe apresenta Cristo — ele é o sentido do homem. Somente nele, encontramos a nossa verdadeira vocação. Daqui emerge uma Igreja que tem os olhos fixos em Cristo. Que não se perde diante dos caminhos da história, pois é contempladora de Cristo, está fixa nEle.