Neste domingo, celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Aqui, temos a mensagem do Papa Francisco, com pequenos cortes, para este dia. “No dia 29 de outubro de 2023, terminou a primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que nos permitiu aprofundar a sinodalidade vista como vocação originária da Igreja. ‘A sinodalidade apresenta-se, sobretudo, como caminho conjunto do Povo de Deus e como diálogo fecundo de carismas e ministérios a serviço do advento do Reino’.
A ênfase posta na sua dimensão sinodal permite à Igreja descobrir a sua natureza itinerante de povo de Deus em caminho na história, peregrinante — poderíamos dizer ‘migrante’ — rumo ao Reino dos Céus. Espontaneamente, vem-nos ao pensamento a narração bíblica do êxodo, que apresenta o povo de Israel a caminho da Terra Prometida: uma longa viagem da escravidão para a liberdade, que prefigura a da Igreja rumo ao encontro final com o Senhor.
Da mesma forma, é possível ver, nos migrantes do nosso tempo, como aliás nos de todas as épocas, uma imagem viva do povo de Deus em caminho rumo à Pátria eterna. As suas viagens de esperança lembram-nos que ‘a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo’ (Flp 3, 20).
Mas a realidade fundamental do êxodo, de qualquer êxodo, é que Deus precede e acompanha o caminho do seu povo, dos seus filhos de todo o tempo e lugar. A presença de Deus no meio do povo é uma certeza da história da salvação: ‘o Senhor, teu Deus, vai contigo; não te deixará sucumbir nem te abandonará’ (Dt 31, 6). Para o povo saído do Egito, tal presença manifesta-se de diversas formas: uma coluna de nuvem e de fogo indica e ilumina o caminho (Ex 13, 21); a tenda da reunião, que guarda a arca da aliança, torna palpável a proximidade de Deus (Ex 33, 7); a haste com a serpente de bronze assegura a proteção divina (Nm 21, 8-9); o maná e a água (Ex 16-17) são os dons de Deus para o povo faminto e sedento. A tenda é uma forma de presença particularmente querida ao Senhor. […] Muitos migrantes fazem experiência de Deus companheiro de viagem, guia e âncora de salvação. Confiam-se-Lhe antes de partir, e recorrem a Ele em situações de necessidade. N’Ele procuram consolação nos momentos de desânimo. […]
Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, enquanto Se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história — particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados —, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação. Por isso o encontro com o migrante, bem como com cada irmão e irmã que passa necessidade, ‘é também encontro com Cristo. Disse-o Ele próprio. É Ele — faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente, preso — que bate à nossa porta, pedindo para ser acolhido e assistido’ (Mt 25). […] Então cada encontro ao longo do caminho constitui uma oportunidade para encontrar o Senhor, revelando-se uma ocasião rica de salvação, porque, na irmã ou irmão necessitado da nossa ajuda, está presente Jesus. Nesse sentido, os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto do Senhor” (Mensagem do Papa Francisco para o 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2024).