Estamos celebrando este quarto domingo do Advento e o Evangelho de hoje (Mt 1, 18-24) nos coloca diante do mistério de São José. São José não fala nas Escrituras, não ouvimos a sua voz, mas nos encontramos com o seu testemunho. A Escritura o chama homem justo (Mt 1, 19). Justo é o homem que busca viver da palavra de Deus, que busca em primeiro lugar, na sua vida, a vontade de Deus, o projeto de Deus. José tinha todo um projeto de vida com Maria. Estavam noivos, isto quer dizer, estavam se preparando para constituir uma família. Deus entra em cena pedindo algo novo a José: ele deve ser o pai adotivo do menino Jesus. Deus já está realizando algo grande na vida de Maria: a encarnação do seu filho Jesus Cristo. Maria já tinha dado o seu sim. Já tinha assumido o projeto de Deus, renunciando ao seu projeto pessoal. Agora é José que deve dar o seu sim, que deve assumir Maria como esposa. Papa Francisco explica esse Evangelho:
“(…) A narração evangélica de hoje apresenta uma situação humanamente constrangedora e contrastante. José e Maria são noivos; ainda não vivem juntos, mas ela está grávida de um menino por obra de Deus. Perante esta surpresa, naturalmente José sente-se perturbado, mas em vez de reagir de maneira impulsiva e punitiva — segundo a tradição, dado que a lei o protegia — procura uma solução que respeite a dignidade e a integridade da sua amada Maria. O Evangelho diz assim: ‘José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente’ (v. 19). Com efeito, José sabia bem que, se tivesse denunciado a sua esposa, tê-la-ia exposto a graves consequências, até mesmo à morte. Tem plena confiança em Maria, que ele escolheu como sua esposa. Não entende, mas procura outra solução.
“Esta circunstância inexplicável leva-o a questionar o seu vínculo; por isso, com grande sofrimento, decide separar-se de Maria sem criar escândalo. Mas o Anjo do Senhor intervém para lhe dizer que a solução por ele imaginada não é a desejada por Deus. Aliás, o Senhor abriu-lhe um novo caminho, uma senda de união, de amor e de felicidade, dizendo-lhe: ‘José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo’ (v. 20).
“Nesta altura, José confia totalmente em Deus, obedece às palavras do Anjo e recebe Maria. Foi precisamente esta confiança inabalável em Deus que lhe permitiu aceitar uma situação humanamente difícil e, num certo sentido, incompreensível. Na fé, José compreende que o menino gerado no ventre de Maria não é seu filho, mas o Filho de Deus, e ele, José, será o seu guardião, assumindo plenamente a sua paternidade terrena. O exemplo deste homem manso e sábio exorta-nos a elevar o olhar e a impeli-lo mais além. Trata-se de recuperar a surpreendente lógica de Deus que, longe de pequenos ou grandes cálculos, é feita de abertura a novos horizontes, a Cristo e à sua Palavra”. (Papa Francisco, Angelus de 22 de dezembro de 2019).
Que São José nos ajude a alcançar horizontes mais profundos à medida de Deus, à medida do projeto de amor que Deus tem para cada um de nós.