Na ocasião, o Cardeal de Mendonça destacou que os estudantes são as “estrelas do futuro”. Ministro Valditara ressaltou que basta com a cultura de “híbris” que coloca o eu no centro.
A palavra “desastre”, na sua raiz etimológica de “ausência de uma estrela”, parece ser a sombra que frequentemente envolve o panorama global das novas gerações: um céu onde a luz parece extinta e a rota perdida.
Assumindo o papel de porta-voz, com uma carta dirigida ao Papa Leão XIV, os jovens participantes da iniciativa “Escola é Vida”, promovida no âmbito do Jubileu da Educação, explicaram sobre viver suspensos entre dois temores: o “medo de desiludir”, o medo de não serem “vistos” por aqueles que os precedem, e o “desejo”, a “fome de estrelas”. E não esperam milagres, mas fazem um único pedido: “acredite em nós”. Porque, talvez, toda escola deva ser justamente isso: um observatório de constelações.
Os nomes dos estudantes, especialmente os mais animados, ecoaram pela grande Sala Nervi, gritados pelos professores, acompanhados pela música de Georges Bizet e Antonín Dvořák — e pela oração do Pai Nosso logo após o pronunciamento do Papa, executada pela Nova Orquestra Nacional, a primeira na história do sistema escolar italiano, sob a direção artística do maestro Uto Ughi.
Parece uma repreensão, a repreensão dos professores, mas é um sinal: é disso que se trata a escola. “Quando um professor pronuncia seu nome corretamente, te coloca em pé novamente”, afirmaram os jovens participantes das oficinas temáticas organizadas pelo Dicastério para a Cultura e a Educação em colaboração com o Ministério da Educação e do Mérito em sua carta.
Nos últimos dias, as iniciativas envolveram 800 alunos e 200 professores, representando 800 escolas de toda a Itália, além de delegações internacionais de todo o mundo. A carta apela às escolas para que “reparem” e incutam nos alunos aquela “confiança” que é “o oposto do medo de desiludir”. O tema das estrelas regressa: não simplesmente “objetos de verificação”, mas sinais de uma defesa ativa da criação.
O texto conclui com três propostas concretas: criar uma “peregrinação educativa” que una o Pontifício Instituto Patrístico Augustinianum, onde foram realizados vários workshops, a uma escola simbólica nos arredores de Roma, para redescobrir o “caminho comum da educação”; estabelecer um “módulo educativo universal”, tanto físico como digital, para planear iniciativas de paz e cooperação; e, finalmente, tornar permanentes os workshops que caracterizaram estes dias, renovando-os anualmente.
As propostas dos jovens são relançadas pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação. Ele articulou seu discurso em torno dos conceitos de “desastre” e “desejo”, ligando-os às constelações, uma palavra cara ao Pontífice: “É importante que a sua geração não fique sem uma estrela, mas com fome e desejo. Sedenta por uma luz que ofereça um verdadeiro sentido de transcendência, que dê sentido à humanidade de cada um de nós”, afirmou o cardeal, pouco antes de seu discurso ser interrompido por aplausos e vivas com a chegada do Papa.
O Ministro da Educação e Mérito da Itália, Giuseppe Valditara, também se pronunciou: “Todos vocês têm uma beleza extraordinária dentro de si, e a tarefa da escola é ajudá-los a descobri-la e aprimorá-la”, afirma o ministro, enfatizando a importância de ensinar empatia, “sentir e sorrir para os outros”. Especialmente em relação aos colegas, lembrando, mais uma vez, a etimologia do termo: “Cum pane, comer pão juntos, construir um futuro juntos”. Ele então clama pela condenação da arrogância (hybris), um conceito antigo que alerta contra o orgulho e a insolência. “Chega dessa cultura que coloca o ego no centro”, conclui o Ministro.
Com foto e informações do Vatican News.