Leão XIV defende uma “educação digital ética” para proteger crianças na era da inteligência artificial

O encontro realizado nos dias 12 e 13 de novembro, no Palácio da Chancelaria, no Vaticano, reuniu especialistas de diversos países para aprofundar o tema da proteção e da dignidade das crianças na era digital.

No discurso dirigido a especialistas reunidos no Vaticano, o Papa Leão XIV reforçou a urgência de uma abordagem ética e responsável no uso das tecnologias digitais, pedindo atenção redobrada especialmente diante do impacto crescente da inteligência artificial (IA) na vida das crianças e dos adolescentes. “A inteligência artificial está transformando muitos aspectos de nossa vida cotidiana, incluindo a educação, o entretenimento e a segurança dos menores”, afirmou o Santo Padre ao abrir sua intervenção no Congresso A Dignidade das Crianças e dos Adolescentes na Era da Inteligência Artificial.

“O uso da inteligência artificial levanta importantes questões éticas, sobretudo quando se trata da proteção e da dignidade dos menores”, ressaltou o Santo padre.

Ao agradecer a presença e as contribuições dos especialistas, educadores e representantes eclesiais, o Pontífice reconheceu que o avanço da IA oferece oportunidades consideráveis, mas também expõe os menores a riscos significativos. Entre eles, destacou a possibilidade de manipulação por algoritmos capazes de influenciar preferências, comportamentos e decisões das crianças.

“É fundamental que pais e educadores estejam atentos a essas dinâmicas”, alertou. O Papa insistiu na necessidade de ferramentas que permitam monitorar e orientar o uso das tecnologias, assegurando que as crianças naveguem no ambiente digital com proteção adequada.

Além das famílias, o Santo Padre apontou o papel indispensável das instituições públicas e da comunidade internacional. “Governos e organizações internacionais têm a responsabilidade de desenvolver políticas que salvaguardem a dignidade dos menores na era da IA”, afirmou, defendendo a atualização de legislações sobre proteção de dados e a definição de padrões éticos para o desenvolvimento tecnológico.

Embora reconheça a importância de normas e mecanismos de controle, o Papa ressaltou que nenhuma medida substitui o caminho educativo. “Permanece insubstituível a prática de uma salvaguarda da dignidade dos menores que passe por uma educação digital”, disse, sublinhando que a formação de consciências é o verdadeiro alicerce do uso responsável das novas tecnologias.

Citando seu predecessor, Papa Francisco, o Papa Leão XIV recordou a vocação dos adultos como “artesãos da educação” e enfatizou que códigos e protocolos não bastam. A proteção real exige “um trabalho educativo cotidiano e constante”, sustentado por redes que formem adultos preparados para orientar as novas gerações diante dos riscos do acesso precoce e ilimitado ao universo digital.

Segundo o Papa, apenas crianças e adolescentes educados na consciência dos riscos poderão desenvolver uma liberdade verdadeiramente responsável no ambiente digital. “Somente participando da descoberta desses riscos e de suas consequências na vida pessoal e social, os menores poderão ser apoiados a fortalecer sua capacidade de escolha responsável em relação a si mesmos e aos outros”, destacou.

O santo Padre reiterou que todo avanço tecnológico deve permanecer subordinado ao respeito pela pessoa humana: “Somente uma abordagem educativa, ética e responsável pode assegurar que a inteligência artificial seja uma aliada no crescimento e no desenvolvimento dos menores, e não uma ameaça.”

Durante o evento, foi apresentado o manifesto Novo pacto humano para a era digital, entregue ao Papa Leão XIV, reafirmando “o direito de toda criança a viver, crescer e sonhar em segurança”.

O documento propõe seis pilares de ação:

  • Proteção contra abusos on-line;
  • Educação e empoderamento digital;
  • Promoção de uma tecnologia ética e transparente;
  • Governança global responsável;
  • Pesquisa orientada ao bem comum;
  • Solidariedade inter-religiosa e intergeracional.

Um esforço conjunto, civil, acadêmico e eclesial, para garantir que o mundo digital seja um espaço de crescimento e não de ameaça para as novas gerações.

Com foto e informações do Vatican News.