Mais do que uma teoria a ser defendida, a esperança deve ser testemunhada como um perfume suave, que se sente e se transmite. “A tarefa que temos pela frente já não é defender e justificar a esperança filosófica e teologicamente, mas simplesmente anunciá-la, mostrá-la, oferecê-la a um mundo que perdeu o sentido da esperança e por isso enfraquece espiritualmente”, recorda o pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa.
Segundo Pe. Gerson, a esperança não se aprende em tratados, mas se contagia por meio do testemunho, assim como a chama do Círio Pascal se espalha na Vigília de Páscoa ao acender as velas dos fiéis. É a partir desse gesto litúrgico que se revela a essência da esperança cristã: ela não se explica, mas se partilha. “Os cristãos devem transmitir de geração em geração a grande virtude da esperança, como uma tradição vivida e testemunhada”, ressalta.
O sacerdote lembra ainda que sinais concretos da esperança são a alegria e a paz interior, frutos do Espírito Santo. “A alegria revela a presença da esperança assim como o perfume revela a presença de uma flor”, escreve, citando São Paulo na Carta aos Romanos: “Que o Deus da esperança os encha de toda a alegria na fé” (Rm 15,13).
A Escritura confirma essa missão. O salmista suplica: “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos” (Sl 32). Já São Pedro, em sua primeira carta, fala de um “renascer para uma esperança viva” (1Pd 1,3). Para Pe. Gerson, nada se constrói sem esperança: ela é a força que anima os jovens a seguir uma vocação, a formar família e a resistir ao desespero.
Entretanto, o sacerdote aponta que a esperança cristã sofreu ataques de ideologias modernas e de filósofos que a interpretaram como ilusão ou fuga. Ainda assim, afirma que a esperança permanece como virtude teologal, alicerçada na ressurreição de Cristo. “Jesus Ressuscitou, razão de nossa esperança, de nossa fé e de nosso combate diário. O mundo de hoje precisa desse anúncio corajoso e constante”, sublinha.
Em suas palavras finais, Pe. Gerson conclui que é preciso “querigmatizar a esperança”, ou seja, proclamá-la como boa nova em cada homilia, mensagem ou pregação. Em meio a tantos corações desanimados, desiludidos e sem forças para continuar, o anúncio da esperança se torna missão urgente da Igreja.
Com foto e informações do Vatican News.