Com a nova proclamação, a Igreja passou a contar com 38 Doutores, entre os quais quatro mulheres, reforçando a tradição de reconhecer aqueles que uniram fé, razão e testemunho de vida.
Ao apresentar o novo Doutor da Igreja, o Papa Leão afirmou que a figura de Newman continua a iluminar o caminho dos jovens e educadores:
“A imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de inspiração para as novas gerações com o coração sedento de infinito, disponíveis a realizar, através da pesquisa e do conhecimento, aquela viagem que, como diziam os antigos, nos faz passar per aspera ad astra — através das dificuldades até os astros.”
O Santo Padre recordou que os santos demonstram ser possível viver com paixão e esperança em meio à complexidade do mundo atual, sem abandonar o chamado à evangelização.
“O Jubileu é uma peregrinação na esperança e todos vós, no vasto campo da educação, sabeis bem o quanto a esperança é uma semente indispensável”, disse. “Quando penso nas escolas e universidades, penso nelas como laboratórios de profecia, onde a esperança é vivida, narrada e continuamente reproposta.”
Comentando o Evangelho das Bem-aventuranças, o Papa explicou que esse texto é a verdadeira “gramática da esperança”:
“As Bem-aventuranças trazem consigo uma nova interpretação da realidade. São o caminho e a mensagem de Jesus educador. À primeira vista, parece impossível declarar bem-aventurados os pobres, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos ou os que promovem a paz. Mas o que parece inconcebível na lógica do mundo enche-se de sentido na proximidade do Reino de Deus.”
Leão XIV lembrou que Jesus é o Educador por excelência. “As Bem-aventuranças não são um ensinamento entre tantos: são o ensinamento por excelência. Da mesma forma, o Senhor Jesus não é um entre tantos mestres, é o Mestre por excelência. Nós, seus discípulos, encontramo-nos em sua escola, aprendendo a descobrir na sua vida um horizonte de sentido capaz de iluminar todas as formas de conhecimento.”
Diante dos desafios do tempo presente, o Papa convidou os educadores a resistirem ao pessimismo: “Os desafios atuais podem parecer, por vezes, superiores às nossas forças, mas não é assim. Não permitamos que o pessimismo nos vença!”, exortou.
Citanto o Papa Francisco, Leão XIV recordou que a humanidade deve ser libertada “da escuridão do niilismo”, doença que ameaça anular a esperança. Em seguida, o Pontífice evocou o célebre hino de Newman, Luz terna, suave, leva-me mais longe:
“Essa linda oração nos recorda que, mesmo quando estamos longe de casa e não conseguimos decifrar o horizonte, nada nos detém, porque encontramos o nosso Guia: a luz terna e suave que nos conduz na noite.”
“É tarefa da educação oferecer essa luz terna àqueles que, de outra forma, poderiam permanecer aprisionados nas sombras do pessimismo e do medo”, acrescentou.
“Desarmemos as falsas razões da resignação e façamos circular no mundo contemporâneo as grandes razões da esperança. Que escolas, universidades e todas as realidades educativas, inclusive as informais e de rua, se tornem limiares de uma civilização do diálogo e da paz.”
Recordando as palavras de São John Henry Newman, o Papa citou um de seus pensamentos mais conhecidos: “Deus criou-me para lhe prestar um serviço específico. Confiou-me uma tarefa que não confiou a outros. Tenho uma missão: talvez não a conheça nesta vida, mas ela me será revelada na vida futura.”
Para Leão XIV, essas palavras expressam o mistério da dignidade de cada pessoa humana e a diversidade dos dons concedidos por Deus: “A vida ilumina-se não porque somos ricos, bonitos ou poderosos, mas quando descobrimos dentro de nós esta verdade: sou chamado por Deus, tenho uma vocação, uma missão, e minha vida serve para algo maior que eu próprio.”
O Papa concluiu afirmando que a educação cristã é caminho de santidade. “No centro dos percursos educativos não devem estar indivíduos abstratos, mas pessoas de carne e osso, especialmente aquelas que parecem não render segundo os parâmetros de uma economia que exclui e mata. Somos chamados a formar pessoas, para que brilhem como astros em toda a sua dignidade. A educação, na perspectiva cristã, ajuda todos a tornarem-se santos. Nada menos do que isso.”
“Rezo para que a educação católica ajude cada um a descobrir a sua vocação à santidade. Santo Agostinho, que Newman tanto amava, dizia que todos nós somos companheiros de estudo com um único Mestre, cuja escola se encontra na terra, mas cuja cátedra está no céu.”
Com foto e informações do Vatican News.