SEMANA SANTA, A SEMANA MAIOR: MERGULHAR NO MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO

Do Portal da CNBB

Com o Domingo de Ramos, a Igreja Católica abriu as celebrações centrais da fé cristã, nas quais se revisita a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo pela redenção da humanidade. É por esse motivo que esta semana que antecede a Páscoa é chamada de Semana Santa, a Semana Maior.

Em cada dia, a Liturgia da Igreja Católica apresenta os passos de Jesus até a sua entrega e ressurreição. Também gestos da devoção popular marcam a vivência da Semana Santa.

Dom Carlos José de Oliveira, bispo de Apucarana (PR), salienta que esta semana é “o tempo em que o ministério público de Jesus chega ao ápice, com seu sofrimento, crucificação, morte e ressurreição”. Uma motivação que ele oferece é que “não permitamos que o mundo descrente nos convença de que tudo não passou de uma ilusão ou apenas uma história”.

“Se verdadeiramente percorrermos o caminho do Mistério Pascal, do Domingo de Ramos ao Domingo da Ressurreição, com Cristo e com a Igreja, entenderemos que estes foram os dias mais sofridos de Jesus na terra. […] Como a Virgem Dolorosa, permaneçamos com Jesus no sofrimento e na dor, para juntos tomarmos posse da Vitória da Páscoa!”

Domingo de Ramos

No início da Semana Santa, o Domingo de Ramos e da Paixão marca a entrada de Jesus em Jerusalém para consumar seu mistério pascal. Nessa liturgia que abre a Semana Maior, os ramos são a lembrança da recepção do povo que estendeu as folhagens na entrada da cidade, por onde Jesus passou montado num jumento.

Após esse início da entrada triunfante, a liturgia apresenta a proclamação da Paixão do Senhor, começando com a leitura do livro do profeta Isaias (Is 50, 4-7), com o terceiro cântico do Servo. Essa leitura é chave de leitura para o Evangelho sobre a Paixão (Mc 14, 1-15, 47).

Segunda-feira Santa

Neste dia, proclama-se, durante a Missa, o Evangelho segundo São João (Jo 12, 1-11). Seis dias antes da Páscoa, Jesus chega a Betânia para fazer a última visita aos amigos de toda a vida. Está cada vez mais próximo o desenlace da crise. Maria de Betânia unge os pés de Jesus com perfume de nardo puro e Jesus anuncia que sua hora havia chegado. Na primeira leitura, é oferecido o primeiro canto do servo do Senhor: “Olha o meu servo, sobre quem pus o meu Espírito”.

Terça-feira Santa

A mensagem central deste dia passa pela Última Ceia. No Evangelho, há uma antecipação da Quinta-feira Santa. Jesus anuncia a traição de Judas e as fraquezas de Pedro. “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo”. A primeira leitura é o segundo canto do servo do Senhor, no qual descreve-se a missão de Jesus. Deus o destinou a ser “luz das nações, para que a salvação alcance até os confins da terra “.

Quarta-feira Santa

Em muitas paróquias, especialmente no interior do país, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” na Quarta-feira Santa. Os homens saem de uma igreja ou local determinado com a imagem de Nosso Senhor dos Passos; as mulheres saem de outro ponto com Nossa Senhora das Dores. Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre proclama o célebre “Sermão das Sete Palavras”, fazendo uma reflexão, que chama os fiéis à conversão e à penitência.

Quinta-feira Santa

Neste dia, são duas grandes marcas: a dos Santos óleos e a do Lava Pés. A primeira ocorre na Missa do Crisma, que reúne todo o clero diocesano com o bispo, recordando a unidade da Igreja e o compromisso de servir a Jesus Cristo. Na celebração, três óleos são abençoados: o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos.

Já o lava-pés, um ritual litúrgico que recorda o gesto de Jesus antes da última ceia, ocorre na celebração da Quinta-feira Santa que recorda a instituição da Eucaristia. O rito do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre lava os pés de algumas pessoas da comunidade, imitando Jesus, como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos tenham a salvação.

É na celebração da Missa da Ceia do Senhor, na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa, que a Igreja dá início ao Tríduo Pascal. Oferecendo ao Pai o Seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregando aos apóstolos para que os tomassem, Jesus institui a Eucaristia. Essa ação de graças designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de Pão e Vinho. A Liturgia oferece as leituras de Êxodo 12, 1-8.11-14, I Coríntios 11, 23-26 e o Evangelho segundo São João 13, 1-15.

Sexta-feira Santa

A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama incomensurável da morte de Cristo no Calvário. A cruz, erguida sobre o mundo, segue de pé como sinal de salvação e esperança. Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João, é contemplado o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que o transpassou o lado. Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da santa cruz, momento em que esta é apresentada solenemente à comunidade. Neste dia, não há celebração eucarística. A Liturgia da Palavra oferece a leitura de Isaías 52, o Salmo 30 (31), Hebreus 4 e o Evangelho de João 18, 1 – 19, 42.

Neste dia, a Via-sacra ganha relevo, assim como o gesto no decorrer da Quaresma, como forma de meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz. A Igreja propõe a meditação para ajudar a rezar e a mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus. Em muitas paróquias e comunidades, são realizadas encenações da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.

Sábado Santo

O Sábado Santo não é um dia vazio, em que “nada acontece”. Nem uma duplicação da Sexta-feira Santa. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo que pode ir uma pessoa.

É neste dia que a Igreja celebra a Vigília Pascal. A celebração acontece no sábado à noite. É uma vigília em honra ao Senhor, de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (cf. Lc 12,35-36), tenham acesas as lâmpadas, como os que aguardam seu senhor chegar, para que, os encontre em vigília e os convide a sentar à sua mesa.

A celebração inicia com a bênção do fogo, realizada fora da Igreja, com a bênção do fogo novo. Em seguida, o Círio Pascal é apresentado ao sacerdote. Com um estilete, o padre faz nele uma cruz, dizendo palavras sobre a eternidade de Cristo. Assim, ele expressa, com gestos e palavras, toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo – homens, coisas e tempo – estão sob Sua potestade.

Em procissão, a comunidade segue com o Círio à frente e as luzes apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue, por algum tempo, proclamando: “Eis a luz de Cristo!”. Todos respondem: “Demos graças a Deus!”. Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram na igreja. O Círio, que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de luz que nos guia pelas trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança em procissão.

Proclamação da Páscoa – O povo permanece em pé com as velas acesas. O presidente da celebração incensa o Círio Pascal. Em seguida, a Páscoa é proclamada. Esse hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, a alegria do Céu, da Terra, da Igreja, da assembleia dos cristãos. Essa alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas. Terminada a proclamação, apagam-se as velas.

Liturgia da Palavra – Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da Palavra. As leituras da vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes (aos discípulos de Emaús) o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (Lc 24, 27).

Domingo da Ressurreição

É o dia santo mais importante da religião cristã. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. Do hebreu “Peseach”, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. A presença de Jesus ressuscitado não é uma alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.