Estamos vivendo este tempo forte do advento, que se caracteriza pela espera. O advento nos prepara para o Natal, colocando-nos na dinâmica da preparação para a segunda vinda do Senhor. Ele virá um dia para a nossa vida pessoal e cremos que virá um dia para julgar a história: a sua Parusia.
A Palavra de Deus deste segundo domingo do advento coloca diante de nós, na primeira leitura (Is 11, 1-10), um poema messiânico, que canta a partir dos elementos da natureza a esperança messiânica. O Messias será descendente de Davi, será pleno do Espírito do Senhor, não julgará pela aparência, mas trará justiça para os humildes e os pacíficos, trará uma paz paradisíaca. O texto descreve a força de Deus que faz brotar do velho tronco de Jessé a restauração e a esperança para os povos: “Naqueles dias, a raiz de Jessé se erguerá como sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada” (Is 11, 10).
No Evangelho encontramos a figura de João Batista (Mt 3, 1-12) que prega no deserto da Judeia: “Convertei-vos porque o Reino dos Céus está próximo”. Conversão significa uma mudança profunda que deve atingir a pessoa na sua totalidade, na sua forma de pensar, de conceber, que incide nas atitudes do dia a dia. Mas a conversão se deve ao novo de Deus que acontece na proximidade: o Reino dos Céus. Reino dos Céus é uma expressão usada pelo Evangelho de São Mateus, sinônimo de Reino de Deus. É a proximidade de Deus que não pode ser postergada em Jesus de Nazaré. Com Jesus, chega o Reino de Deus. Ele coloca em movimento o Reinado de Deus. Orígenes, e também a Igreja, vê essa identificação do Reino de Deus com Jesus. Esse novo que está acontecendo pede decisão, pede conversão. Diante do qual é impossível a neutralidade. Mas o Evangelho descreve João Batista como o homem asceta, penitente, que se veste de roupa de pelos de camelo, usa um cinturão de couro em torno dos rins e come gafanhotos e mel do campo. É o profeta que não só prega, mas faz da vida um exercício de autopurificação e penitência. É o homem de Deus, cujo compromisso é a Palavra de Deus. As pessoas que vinham a João confessavam os pecados e eram batizadas. A confissão significa o desejo de mudança de rota na vida, na existência. Com os fariseus e os saduceus, o profeta do deserto é duro: “raças de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar?” (Mt 3, 7). João Batista lhes mostra que não basta ser do povo da promessa, isto é, dizer que Abraão é nosso pai, mas é preciso produzir ações que denotem conversão, mudança: “produzi frutos que mostrem vossa conversão”. A mudança deve aparecer nas pequenas e grandes ações do dia a dia. As palavras e os desejos do coração precisam assumir concretude nas pequenas e grandes ações do dia a dia. Seguindo esse caminho indicado por São João Batista, o advento nos conduz a vivermos da grande esperança da fé, como nos exorta São Paulo: “(…) pela nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme esperança” (Rm 15, 4).