Neste ano jubilar, somos convidados a sermos peregrinos da esperança. Peregrino é aquele(a) que caminha com o Senhor, rumo ao Senhor. A vida cristã é esta grande caminhada, onde somos sempre peregrinos, pois estamos buscando sempre crescer, dar passos. Dar passos, crescer no caminho da fé, é um imperativo para todos nós.
Neste nosso caminho de crescimento, hoje nos deparamos com o imperativo do amor para com os inimigos. Papa Francisco nos ajudará a entrarmos nesse desafio. Diz ele: “O Evangelho deste domingo (cf. Lc 6, 27-38) diz respeito a um ponto central e que caracteriza a vida cristã: o amor pelos inimigos. As palavras de Jesus são claras: ‘Digo-vos, porém, a vós que me escutais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam’ (vv. 27-28). Não é um opcional, é uma ordem. Não é para todos, mas para os discípulos, aos quais Jesus chama ‘vós que escutais’. Ele sabe muito bem que amar os inimigos vai além das nossas possibilidades, mas foi por esta razão que se fez homem: não para nos deixar tal como somos, mas para nos transformar em homens e mulheres capazes de um amor maior, aquele do seu e do nosso Pai. Este é o amor que Jesus doa a quem ‘o escuta’. E então isso torna-se possível! Com Ele, graças ao seu amor, ao seu Espírito, podemos amar também aqueles que não nos amam, até quantos nos ofendem.
Deste modo, Jesus quer que em cada coração o amor de Deus triunfe sobre o ódio e o rancor. A lógica do amor, que culmina na Cruz de Cristo, é o distintivo do cristão e incentiva-nos a ir ao encontro de todos com coração de irmãos. Mas como é possível superar o instinto humano e a lei mundana da retaliação? A resposta é dada por Jesus na mesma página evangélica: ‘Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso’ (v. 36). Quem escuta Jesus, quem se esforça para o seguir mesmo se é difícil, torna-se filho de Deus e começa a assemelhar-se deveras ao Pai que está nos céus. Tornamo-nos capazes de coisas que nunca teríamos imaginado poder dizer ou fazer, e das quais aliás nos teríamos envergonhado, mas que agora, ao contrário, nos proporcionam alegria e paz. Já não precisamos de ser violentos, com as palavras e com os gestos; descobrimo-nos capazes de ternura e de bondade; e sentimos que tudo isto não provém de nós, mas d’Ele!, e portanto não nos vangloriamos por isso, mas só lhe estamos gratos.
Não há nada de maior e mais fecundo que o amor: ele confere à pessoa toda a sua dignidade, enquanto o ódio e a vingança a desvaloriza, deturpando a beleza da criatura feita à imagem de Deus.
Este mandamento, de responder ao insulto e à ofensa com o amor, gerou no mundo uma nova cultura: a ‘cultura da misericórdia — devemos aprender e praticar bem esta cultura da misericórdia — que dá vida a uma verdadeira revolução’ (Carta. Ap. Misericordia et misera, 20). É a revolução do amor, em que os protagonistas são os mártires de todos os tempos. […]”. (Papa Francisco, Angelus de 24 de fevereiro de 2019).