Neste domingo estamos celebrando o mistério da Apresentação de Jesus no templo (Lc 2, 22-40). A família de Nazaré, uma família de fé, cumpre os preceitos da lei mosaica e leva o filho para ser apresentado no templo. A lei mosaica fala da purificação da mãe e do resgate do filho primogênito, mas o Evangelho de São Lucas fala da apresentação de Jesus. O evangelista quer dizer que esse Menino não foi resgatado, mas entregue a Deus, totalmente dado a Ele em propriedade, pois Ele pertence totalmente a Deus. Neste ato do templo, tem lugar a oferta pública de Jesus a Deus, seu Pai (J. Ratzinger, A infância de Jesus, 72).
São Lucas enfatiza que, no templo, estão Simeão e Ana, que saúdam o menino como representante do Israel crente que esperava a salvação de Deus, a consolação de Deus. Simeão é descrito como justo, piedoso e esperava a consolação de Deus. Simeão é justo, quer dizer, é o homem que vive na e da palavra de Deus, que está expressa na Lei de Deus, na Torah. Ser piedoso, quer dizer que vive numa atitude de aberto a Deus. Ele espera a consolação de Israel. Ele representa todo o Israel crente que viveu da grande esperança do dia do Salvador. É o homem movido pelo Espírito, pois «o Espírito estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias» (Lc 2, 25-26). Ele vai ao templo movido pelo Espírito. Simeão é exemplo para nós que esperamos, que estamos vivendo o Jubileu da Esperança, como peregrinos da esperança. É o mesmo Espírito Santo que habita em nós e nos faz sermos homens e mulheres de esperança. Papa Francisco afirma: «Na verdade, é o Espírito Santo, com a Sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida.»( Papa Francisco, Spes non confundit, 3).
Os olhos de Simeão viram a salvação. Já no nascimento, o anjo anuncia que nasceu um Salvador (soter), onde o salvador não é mais um imperador romano, mas um menino que nasce pobre e simples em Belém. Jesus é chamado de «luz para iluminar as nações e glória do seu povo Israel» (Lc 2, 30). Aqui, no templo, tem-se uma perspectiva universal da sua salvação, pois a sua luz não é somente para Israel, mas para as nações.
Hoje abençoamos as velas. Nesse simples sinal, acolhemos Aquele que é a luz das nações, Jesus Cristo. Que possamos viver iluminados pela claridade da Sua luz que não se apaga. O velho profeta profetiza a Maria: «uma espada transpassará a sua alma» (Lc 2, 35). O início do Evangelho já se une com o final, com a cruz. É na cruz que Maria terá o seu coração transpassado. A piedade popular expressa essa realidade com a imagem de Nossa Senhora das Dores com a espada no peito.
Simeão e Ana são exemplos de profeta, daqueles que vivem ancorados em Deus e são capazes de perceber, de ler aquilo que Deus está realizando. Eles entram no mistério daquele Menino, da sua salvação. Que o exemplo deles nos ajude a encontrar a luz do Salvador hoje.