Nesta segunda-feira (21), a Arquidiocese de Brasília completou 65 anos de criação. A data foi marcada por uma Missa Solene, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Cardeal Paulo Cezar Costa, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. O Jubileu é uma ocasião para recordar a história, renovar a fé e projetar o futuro da missão evangelizadora na capital do país, à luz do Evangelho. A data também celebra a fundação da capital federal.
Na ocasião, Dom Paulo ressaltou o misto de sentimentos que marcou este dia, iniciado com o anúncio do falecimento do Papa Francisco. “Alegria porque estamos celebrando 65 anos da nossa amada Arquidiocese, mas com um misto de tristeza porque o Senhor o chamou”, disse, ao destacar o legado deixado pelo Papa em sua homilia. O Arcebispo também sublinhou a importância de celebrar o aniversário da Arquidiocese como um convite a reconhecer tudo o que o Senhor realizou, mantendo uma memória agradecida pela Igreja Católica que cresceu junto com a cidade de Brasília.
“Hoje somos 167 paróquias, uma Igreja viva. Que Brasília continue sendo uma cidade de esperança para todos os brasileiros, porque aqui se sonha. Cidade acolhedora, nosso lar. E que nossa amada Arquidiocese continue sendo presença profética, sempre apontando para o Deus que habita entre nós”, finalizou.

Durante a celebração, esteve presente a cruz original da Primeira Missa no Brasil. Logo após a Santa Missa do Jubileu, a cruz permaneceu em exposição e veneração na Catedral. A ação faz parte do evento “BRASIL COM FÉ – Celebrando os 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz”, que ocorre de 12 a 27 de abril e passará por cerca de 20 cidades do país.
História
A Arquidiocese de Brasília foi criada pelo Papa São João XXIII no dia 16 de janeiro de 1960, por meio da bula Quandoquidem Nullum, e instalada no mesmo dia da inauguração da nova Capital Federal, em 21 de abril de 1960.
A história da Arquidiocese confunde-se com a da nova capital. Brasília foi inaugurada levando em conta a devoção de seu fundador, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, tendo como primeiro ato formal uma Santa Missa, oficiada pelo legado pontifício Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, Patriarca de Lisboa. No altar da primeira Missa estava a cruz do Frei Henrique de Coimbra, diante da qual foi celebrada a Primeira Missa no Brasil, em 1500. A Missa de inauguração da Capital começou às 23h45 do dia 20 de abril de 1960 e, à 0h30 do dia 21 de abril, o Cardeal Patriarca de Lisboa deu a solene bênção à nova Capital, sob os olhares do presidente da República, da primeira-dama, de diversas autoridades nacionais e internacionais, de um número expressivo de fiéis, além da numerosa presença de bispos e padres.
Na manhã do mesmo dia 21 de abril, às 10h15, a Arquidiocese de Brasília foi instalada em uma solenidade que ocorreu no local onde estava sendo construída a Catedral Metropolitana da cidade. Com esta solenidade, tomou posse como primeiro Arcebispo de Brasília Dom José Newton de Almeida Baptista, que governou a Arquidiocese até 1984, quando, por limite de idade, enviou sua carta de renúncia ao Santo Padre.
Em junho de 1962, Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira da Arquidiocese de Brasília e São João Bosco, seu padroeiro secundário, tendo em vista a forte ligação do santo com a cidade — em um de seus sonhos proféticos, ele via uma cidade promissora de onde jorraria leite e mel.
Dom José Newton de Almeida Baptista — Primeiro Arcebispo de Brasília
Iniciada de forma diferente de todas as outras dioceses do Brasil, a Arquidiocese de Brasília contou com a generosidade de diversos bispos e congregações do país, que enviaram padres, religiosos e seminaristas para constituir o clero da nova capital. O primeiro seminarista de Brasília foi o hoje Arcebispo Emérito de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, que acompanhou Dom José Newton durante os primeiros anos de evangelização no Distrito Federal.
Além de alguns padres diocesanos, diversas congregações religiosas auxiliaram na gênese da evangelização: Lazaristas, Salesianos, Missionários do Sagrado Coração, Redentoristas, Dominicanos, Carmelitas, Agostinianos, Camilianos, Capuchinhos, Estigmatinos, Sacramentinos, Jesuítas, Espiritanos, Verbitas, Cordimarianos, Missionários da Consolata. Congregações femininas também acorreram ao Planalto Central para auxiliar na educação, na vida pastoral e na evangelização.

A maior preocupação de Dom Newton era a criação do Seminário. Ele afirmava que o Seminário era a pupila dos olhos do Arcebispo. A ele foi doada a área onde hoje se encontra o Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília Nossa Senhora de Fátima, no Lago Sul. Mas a história vocacional da capital começou com a fundação, em 1º de março de 1962, do Seminário Menor, confiado aos padres lazaristas. Com a crise das vocações em escala mundial, o Seminário teve suas atividades suspensas em 1972, sendo retomadas, já como Seminário Maior, em 25 de março de 1976.
Dom José Newton empreendeu uma grande obra com a criação de paróquias nos diversos locais do DF. Tão logo surgiam as cidades-satélites — hoje chamadas regiões administrativas — e se verificava a existência de terrenos e grupos interessados, era providenciada assistência religiosa para o local.
Em 1970, ao completar 10 anos, a Arquidiocese de Brasília sediou o VIII Congresso Eucarístico Nacional, com o tema “Batismo, Crisma e Eucaristia, os três sacramentos da iniciação cristã” e lema: “À mesa do Senhor.” O Santíssimo Sacramento foi levado de Porto Seguro (BA) até Brasília por um sacerdote e um grupo de fiéis leigos, em adoração, a bordo de um avião. Chegando à praça do Congresso Eucarístico — onde foi fincada uma cruz projetada por Oscar Niemeyer, hoje localizada entre o Museu e a Biblioteca da República na Esplanada dos Ministérios — o evento teve início em 27 de maio de 1970. Dentro da programação, foi celebrada a dedicação da Catedral Metropolitana de Brasília no dia 31 de maio de 1970, após a conclusão das obras da Igreja-Mãe da Arquidiocese.
O Papa na capital federal
Em 1980, a Arquidiocese recebeu a visita do Papa São João Paulo II. Com uma Missa na Esplanada dos Ministérios e a participação de 800 mil pessoas, este foi o maior evento já registrado na história da Capital até então.
Em 1984, Dom José Newton apresentou sua renúncia ao governo da Arquidiocese por limite de idade, sendo sucedido por Dom José Freire Falcão, então Arcebispo Metropolitano de Teresina.
Dom Falcão governou a Arquidiocese durante 20 anos. Teve a grata alegria de ser anfitrião da segunda visita papal à Capital Federal, em 1991, com vários eventos presididos pelo Romano Pontífice.

Dom José Freire Falcão impulsionou a criação de muitas paróquias nos diversos rincões do Distrito Federal, que crescia de forma exponencial. Auxiliado por seus bispos auxiliares, promoveu o incremento das vocações sacerdotais, ordenando dezenas de novos padres.
Durante seu governo, foram criadas várias instâncias pastorais e iniciativas de formação do laicato, como a Escola Catequética da Arquidiocese, o Curso Superior de Teologia e a Escola Diaconal São Lourenço. Também fundou o Seminário Missionário Redemptoris Mater, responsável pela formação de presbíteros diocesanos enviados em missão para diversas partes do mundo.
Em 2004, o Cardeal José Freire Falcão enviou sua carta de renúncia por limite de idade e foi sucedido por Dom João Braz de Aviz, então Arcebispo de Maringá. Dom João promoveu Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral e fortaleceu duas grandes festas da Arquidiocese de Brasília realizadas na Esplanada: Corpus Christi e Nossa Senhora Aparecida.
Durante seu governo, realizou-se o XVI Congresso Eucarístico Nacional, com o tema “Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários”, que celebrou também o Jubileu de Ouro da Arquidiocese, com a presença de todo o episcopado brasileiro, em maio de 2010. Neste período, foi inaugurada a nova sede da Cúria Metropolitana, localizada ao lado da Catedral, projetada por Oscar Niemeyer.
Em 2011, Dom João Braz de Aviz foi nomeado Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano, sendo sucedido por Dom Sérgio da Rocha, então Arcebispo de Teresina (PI).
Dom Sérgio teve como marca de seu governo as visitas pastorais missionárias, percorrendo toda a Arquidiocese. Promoveu Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral, criou escolas de formação permanente nos vicariatos e fundou a Faculdade de Teologia da Arquidiocese, a FATEO.
Neste período, também, foi realizada uma readequação territorial com a criação do Vicariato Leste, desmembrado do Vicariato Sul, que abrangia mais de 50% do território e da população do Distrito Federal.
Em 2020, o Cardeal Sérgio da Rocha foi transferido para a Arquidiocese Primaz de São Salvador da Bahia. Seu sucessor foi Dom Paulo Cezar Costa, então Bispo Diocesano de São Carlos (SP). Ao assumir a Arquidiocese de Brasília, Dom Paulo Cezar iniciou uma atualização do serviço curial, visando adequar-se às exigências dos novos tempos. Em 30 de maio de 2022, o Papa Francisco anunciou o nome de Dom Paulo entre os 21 novos membros do Colégio de Cardeais da Igreja Católica. Com dinamismo e alegria, o Cardeal Paulo Cezar Costa tem realizado nomeações de párocos, promovido o serviço e a criação de novas paróquias, respondendo às necessidades de evangelização nas novas áreas urbanas do Distrito Federal.