Chamados e enviados para a missão

15º Domingo do Tempo Comum

No centro da liturgia de hoje está o chamado e o envio para a missão. Na primeira leitura (Am 7, 12-15) o profeta Amós, mediante a interpelação de Amasias, que o expulsa mandando ganhar o seu pão em Judá. Ele responde que não é profeta, nem filho de profeta e narra a sua vocação: «O Senhor chamou-me quando eu tangia o rebanho e o Senhor me disse: “Vai profetizar para Israel, o meu povo”». Amós mostra que, na origem da sua vida e do seu profetismo, não está um querer seu, mas um ser chamado pelo Senhor. Ele não profetiza por profissão, mas respondendo a um chamado do Senhor: o Senhor o chamou e o enviou. A vida do profeta está, agora, unida de tal forma a Deus que o profeta não é mais senhor de si mesmo. A Deus não se resiste, mas se responde ao Seu chamado e se coloca a caminho na missão.

O Evangelho, de sua parte, apresenta Jesus que envia os doze discípulos (Mc 6, 7-13).  O capítulo sexto do Evangelho de São Marcos inicia-se com Jesus em Nazaré, sua cidade – onde não é bem recebido. Depois de ensinar na sinagoga de Nazaré, Jesus percorre as aldeias circunvizinhas ensinando (Mc 6, 6). A rejeição experimentada em Nazaré não influenciou a Sua missão, mas mostrou a liberdade de Jesus, a Sua estatura de verdadeiro enviado de Deus, de Filho de Deus. Agora, Jesus chama os doze e os envia dois a dois. Os doze são estreitamente associados a Jesus. Eles tinham sido chamados para estar com Jesus, serem enviados a pregar e terem autoridade para expulsar os demônios (Mc 3, 13). Devem levar adiante a missão de Jesus.

Se percebermos bem, Jesus dá a Sua missão aos doze: «(…) deu-lhes autoridade sobre os espíritos impuros» (Mc 6, 7). O Evangelho de São Marcos apresenta muitos exorcismos, pois aí se manifesta o messianismo de Jesus, a Sua luta contra o espírito do mal. Jesus dá esse poder aos seus discípulos. Os discípulos continuam a obra de Jesus. Eles devem ir com simplicidade, não devem levar nada; devem ir como peregrinos, pois só levam um cajado. É a simplicidade do discípulo que vive da radicalidade de Jesus. A sua radicalidade é sinal de que algo novo está acontecendo no meio dos homens, que a radicalidade do tempo da salvação já está presente no meio dos homens em Jesus Cristo.

A radicalidade do discípulo é sinal do tempo escatológico, que o definitivo de Deus já chegou. Por isso, quem acolhe os discípulos acolhe o próprio Jesus e quem os rejeita, rejeita a mensagem de Jesus, a Sua salvação: «se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles» (Mc 6, 11).  A imagem oriental de sacudir a poeira dos pés mostra que todo laço deve ser cortado com quem rejeita Jesus, rejeitando os enviados. Os discípulos cumpriram a missão que Jesus lhes deu.

O texto termina afirmando que «partiram e pregaram que todos se convertessem, expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo» (Mc 6, 12-13). Que o encontro com estes textos nos ajude na nossa consciência missionária hoje.