Eu e minha casa serviremos ao Senhor

21º Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus, deste domingo, coloca diante de nós o nosso serviço ao Senhor, a nossa fidelidade a Ele. Na primeira leitura, temos a aliança de Siquém onde as tribos de Israel são convocadas e chamadas a decidir: «Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Js 24, 15). Este momento decisivo é descrito com solenidade. Josué tinha conduzido o povo até a terra e está para morrer e, como Moisés, que tinha renovado a aliança em Moab, também ele reúne o povo em Siquém para colocá-lo diante de uma escolha fundamental de vida, de caminhada, ou seja, a quem servir: se ao Senhor ou a outros deuses. Num primeiro momento, Josué narra os feitos de Yahweh. Ele é Aquele que deu tudo ao povo: deu uma descendência a Abraão, deu a liberdade a um povo escravo, e deu a terra com seus bens que o povo não havia cultivado nem plantado. O dar de Deus é gratuito, o Seu agir não é condicionado, mas fruto do Seu amor gratuito. O povo, então, é chamado a perceber essa realidade e é chamado a servir a Deus. Servir a Deus não é escravidão, mas liberdade suprema e honra para o homem. Mas o servir a Deus deve ser uma escolha livre, por isso o povo é chamado livremente a escolher a Deus ou aos outros deuses. O povo já tinha vivido a experiência de Deus, tinha experimentado que Deus é amigo da liberdade, e que quer um povo livre. O povo permanece na casa da liberdade, se serve a Deus, e entra na casa da escravidão, se serve aos ídolos.

No Evangelho, encontramos Jesus que também pergunta aos discípulos: «vós também vos quereis ir embora?» Jesus tinha feito o discurso sobre o Pão da Vida, onde ele afirmou que Sua carne é verdadeira comida e Seu sangue verdadeira bebida. Isso escandalizou muitas pessoas. A cultura semita é concreta, onde carne e sangue significam a pessoa concreta. A Eucaristia é a Sua carne, o Seu sangue, Ele mesmo. Essas afirmações duras de Jesus causam murmuração.

A murmuração é sempre a incapacidade de entrar no mistério, de ler o mistério com profundidade. Jesus mostra que o Seu mistério é mais profundo. Ele veio do Pai e voltará para o Pai. O Pai é Aquele que atrai as pessoas para o Filho. Simão Pedro reponde à pergunta de Jesus: «A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna». Pedro afirma que é na relação com Jesus que está o caminho da fé. O caminho da fé consiste em seguir Jesus, o Filho de Deus. Nesta relação profunda com Jesus consiste o caminho da fé, o ter a vida eterna. É aqui que se tem a existência. É seguindo Jesus, alimentando-se dEle na Eucaristia, numa relação profunda de amor, fidelidade e liberdade.

Se para Israel o caminho da fé era servir livremente a Deus, para o cristão será reconhecer que só Jesus tem Palavra de Vida Eterna e segui-Lo com beleza. Trilhemos este caminho de liberdade e vida.