A Igreja celebra o terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete. É a alegria da comunidade crente porque o Senhor está próximo, como nos exortou São Tiago: «ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima».
O Evangelho (Mt 11, 2-11) traz o testemunho de Jesus sobre Si mesmo, mediante os enviados de João Batista e o testemunho de Jesus sobre João Batista, que estava na prisão e ouve falar a respeito das obras de Jesus. O mesmo João Batista enviou alguns dos seus discípulos para perguntar a Jesus: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?» (Mt 11, 3). João está querendo saber se Jesus é o Messias ou não. Jesus responde mostrando o que está acontecendo no meio dos homens, as obras que Ele está realizando: «Ide contar a João o que ouvis e vedes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. E bem-aventurado o que não se escandalizar por causa de mim!» (Mt 11, 5-6). Nesta resposta está um texto da chamada «apocalíptica menor», do profeta Isaías (Is 34-35), obra de um profeta anônimo do tempo do exílio da Babilônia (sec. VI ac), que canta o alegre retorno do Israel perseguido para a Palestina. O júbilo vai além do retorno, pois está próxima uma manifestação salvadora de Deus para o seu povo: «seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus». A profecia vai além do que poderia se realizar historicamente naquele momento: «Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos» (Is 35, 5-6). São esses sinais que estão sendo realizados na história com a presença de Jesus de Nazaré. Jesus evoca aos discípulos de João e a nós, hoje, a capacidade de leitura da história, daquilo que Deus está fazendo, realizando. Por isso, a capacidade de ver e ouvir. Talvez esta imagem do Messias cause desconforto, talvez se esperasse um Messias que viesse como rei nos palácios. É a sua ação transformando a vida e a existência daqueles que nada possuem: cegos, coxos, leprosos, surdos, mortos e pobres que manifestam que Ele é o Messias, Aquele que deveria vir. E Jesus ainda proclama uma bem-aventurança: «Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim» (Mt 11, 6). Não se pode escandalizar Jesus como fizeram os fariseus do seu tempo, mas alargar o coração e a mente.
Este Evangelho é um convite para se olhar as diversas formas de pobreza que pedem o amor: os pobres materialmente, os migrantes e refugiados, as pessoas em situação de rua, os que sobrem abusos, as mulheres que sofrem violência, a pobreza espiritual, a falta de sentido de vida etc. Os pobres pedem aos cristãos amor. Sem amor, mesmo um prato de comida ou a luta por dignidade não os dignifica, pois não desce onde eles estão, não os olha como seres humanos amados por Deus. Que o amor de Cristo, que Se fez pobre, encontre essas pessoas e as salve por meio do amor concreto dos cristãos e dos homens e mulheres de boa vontade.