Irmã Rosita Milesi: A defensora dos refugiados que recebeu o Prêmio Nansen da ONU

Irmã Rosita Milesi, brasileira de 79 anos, foi agraciada com o Prêmio Nansen da ONU em reconhecimento ao seu trabalho incansável em prol dos refugiados. Fundadora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), irmã Rosita já ajudou milhares de pessoas a reconstruir suas vidas no Brasil.

Nascida no interior do Rio Grande do Sul, em uma família de 12 filhos, ela desde cedo foi exposta à fé e ao trabalho árduo. “Meu pai rezava em voz alta ao cuidar dos animais, e ninguém ia dormir sem antes rezarmos o rosário em família”, relembra.

Aos 9 anos, Rosita deixou sua família para ingressar nas Irmãs Scalabrinianas, dedicando-se à educação e mais tarde ao direito, uma decisão que enfrentou resistência dentro da congregação. “Sentia que, como advogada, poderia fazer mais pelos refugiados, mesmo que na época isso não fosse comum entre as irmãs”, afirma. Seu trabalho culminou na criação da primeira Lei de Refugiados do Brasil, em 1997, que trouxe uma estrutura jurídica para a acolhida de refugiados no país.

Além disso, sua luta pelos direitos humanos a levou a fundar o Centro de Estudos Migratórios e o IMDH, duas instituições que desempenham papéis essenciais no apoio aos migrantes e refugiados. “O maior prêmio é ver os refugiados retomando suas vidas com dignidade e esperança”, afirma a irmã.

Apesar de uma vida dedicada ao trabalho humanitário, irmã Rosita encontra tempo para cuidar de plantas e alimentar pássaros, algo que lhe traz serenidade. “Meu relaxar é simples, mas é onde encontro paz”, conclui.

O Prêmio 2024

Além de Rosita Milesi, que recebeu a premiação global, outras quatro mulheres foram homenageadas regionalmente pelo Prêmio Nansen para Refugiados:

  • Maimouna Ba (África)
  • Jin Davod (Europa)
  • Nada Fadol (Oriente Médio e Norte da África)
  • Deepti Gurung (Ásia-Pacífico)

 

Os prêmios serão apresentados em uma cerimônia em Genebra, na Suíça, às 14h30 (horário de Brasília), na próxima segunda-feira, 14 de outubro.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), o ano de 2024 “marca o reconhecimento de indivíduos extraordinários que dedicaram suas vidas para proteger e promover os direitos dos refugiados e deslocados ao redor do mundo”. Essas mulheres representam exemplos excepcionais de coragem, resiliência e compromisso com as comunidades de refugiados em suas respectivas regiões.