“A Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a vida cristã.” (CIC 1324). No contexto do Ano Jubilar, proclamado pelo Papa Francisco com o tema “Peregrinos da Esperança”, a Arquidiocese de Brasília celebrou hoje, 19 de junho, com grande alegria e espiritualidade o Jubileu dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESCES). Uma verdadeira festa de fé, amor e gratidão ao serviço que esses homens e mulheres realizam, movidos pelo amor a Cristo Eucarístico.
Atualmente, a Arquidiocese conta com cerca de 7.500 ministros, e todos foram convocados por Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília, para esta celebração jubilar. De forma simbólica, cerca de 2.800 ministros permaneceram à frente do palco durante a missa, enquanto 500 deles exerceram sua missão de distribuir a Sagrada Comunhão na Solenidade de Corpus Christi, alimentando o povo de Deus com o próprio Corpo e Sangue de Cristo.
A Eucaristia: Fonte, Cume e Esperança. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a Sagrada Eucaristia “completa a iniciação cristã” (CIC 1322). É o alimento da vida eterna, o memorial do amor supremo de Jesus, que se entregou na cruz por amor a cada um de nós. É, como ensina a Igreja, “a fonte e o ápice de toda a vida cristã”, pois por meio dela, os fiéis são unidos a Cristo e fortalecidos na caminhada rumo à vida eterna.
A Sagrada Escritura também nos adverte com amor e zelo sobre a importância de receber este Sacramento com fé e reverência: “Portanto, quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada um a si mesmo…” (1Cor 11,27-30).
Entre tantas histórias de fé, zelo e amor, destaca-se o testemunho de Maria José, carinhosamente chamada de Mazé ou Zezé pelos amigos. Aos 68 anos, ela serve como MESCE há 25 anos, na Paróquia Santíssima Trindade, no Guará II.
Com simplicidade e emoção, Zezé relembra que jamais se imaginou nesta missão por ser muito tímida. Em 24 de novembro de 1999, teve um sonho que a marcou profundamente: estava na igreja lotada, ao lado do Pe. Mário Ferraz, quando, durante a comunhão, a hóstia consagrada caiu no chão. Ela, junto ao sacerdote, se ajoelhou rapidamente para recolher todos os fragmentos, ouvindo do padre a frase que ecoa em seu coração até hoje: “Temos que pegar tudo. Não pode ficar um fragmento sequer no chão.”
Ao acordar, agradeceu a Deus por ser apenas um sonho, mas, no fundo, sentia que havia algo mais. No dia seguinte, enquanto servia como voluntária na Rádio Nova Aliança, encontrou as amigas Januária e Geralda, que estavam conduzindo o Santíssimo Sacramento. Ao ver Jesus presente no Sacrário, Zezé caiu em lágrimas — um choro de alegria que ela não sabia explicar. Ao compartilhar o sonho com as amigas, ouviu de uma delas: “Zezé, Jesus está te preparando para uma missão.”
Poucos meses depois, em março de 2000, o telefone tocou. Era o Pe. Mário: “Mazé, tem algo pra fazer neste final de semana?” Ao responder que não, ouviu a resposta que mudaria sua vida: “Agora tem. Quero que você seja MESCE. Jesus te chama. O curso será na Dom Bosco.” Ela hesitou, dizendo não se sentir digna, mas ouviu com firmeza: “Não sou eu quem te chama, é o próprio Jesus.”
Hoje, olhando para seus 25 anos de ministério, Zezé testemunha que sua maior realização é poder levar Jesus Eucarístico aos enfermos e impossibilitados de participar da Santa Missa. “Pessoas que foram a vida toda na Igreja e que, agora, por alguma circunstância, não podem mais. Levar Jesus a elas é levar consolo, esperança e amor.”
Outro belo testemunho vem de Ângelo José Bezerra, 65 anos, servidor público aposentado, que atua como MESCE no Santuário Nossa Senhora da Saúde. Com voz serena, ele reflete sobre a importância deste ministério: “O trabalho dos MESCEs é uma via de salvação, não apenas para quem recebe, mas também para quem serve.”
Para ele, o ministério é uma via de santificação. Com apenas quatro anos de serviço como MESCE, Ângelo já sente os frutos espirituais dessa entrega: “Toda vez que distribuo a Sagrada Comunhão, é uma oportunidade de me santificar. É um contato direto com Jesus Eucarístico. Isso transforma a minha vida.” Ele destaca também a importância pastoral do ministério: auxiliar os padres na distribuição da Comunhão e levar o Santíssimo aos doentes e hospitalizados. “Se não fossem os MESCES, o padre não conseguiria atender todos os fiéis durante a missa. Nossa missão é servir à Igreja e ao próximo.”

Durante sua homilia, Dom Paulo Cezar reforçou a essência do Ano Jubilar e o significado profundo da celebração para os MESCES: “Não existe vida humana sem esperança. Em cada Eucaristia celebramos o amor de Cristo. A Eucaristia está intrinsecamente ligada à cruz, que foi o ápice desse amor. A cruz é a nossa esperança de salvação.”
O Jubileu dos MESCES foi, mais do que um evento, um verdadeiro Pentecostes na vida de cada ministro. Um chamado à renovação, ao reencantamento pela missão e ao fortalecimento da fé.
Que cada um dos nossos ministros continue sendo presença de Cristo na vida das pessoas. Que Maria, a primeira discípula e serva do Senhor, interceda por cada MESCE, para que sigam levando Jesus, Pão da Vida, com humildade, zelo e esperança.