O VERDADEIRO SENTIDO DO SÁBADO

9º Domingo do Tempo Comum

Retornamos ao tempo comum e a Palavra de Deus de hoje, no Evangelho, coloca diante de nós dois gestos cumpridos por Jesus em dia de sábado (Mc 2, 23-3, 6). O Evangelho quer refletir sobre o verdadeiro sentido do sábado e sobre a presença do Senhor na história de alguém. Jesus que age com verdadeira liberdade diante do sábado, que tinha um profundo significado religioso para o povo judeu. Segundo Ex 20, 10 e Dt 5, 14: «o sétimo dia é o sábado para Iahweh teu Deus, porque Deus repousou de toda a sua obra criadora». O sábado recorda a escravidão no Egito e a libertação de Iahweh com mão forte e braço estendido (Dt 5,15). Segundo os rabinos, observar o sábado equivalia a observar a Lei inteira, o preceito do descanso tinha sozinho mais peso que todo o resto da Lei junto. Diversas atividades eram proibidas de serem realizadas no sábado ao tempo de Jesus. O trabalho do ceifador era duplamente proibido no dia de sábado. A colheita de espigas era considerada como preparação da comida e ainda mais certa espécie de ceifa. Para o sábado, a comida deveria ser preparada antecipadamente, no dia da preparação. Era proibido prestar ajuda a um doente se não estivesse em perigo de vida. Até a distância que se podia percorrer era a fixada para o sábado. Os Evangelhos sinóticos e João apresentam Jesus em diversos momentos infringindo o repouso sabático.

Na primeira parte do Evangelho, encontramos os discípulos de Jesus que arrancam espigas, enquanto caminhavam, em dia de sábado (Mc 2, 23-28), e na segunda parte (Mc 2, 31-3, 6), Jesus que cura um homem com mão seca, na sinagoga, em dia de sábado. São sempre os fariseus que possuem uma visão legalista do sábado que objetam Jesus e Seus discípulos. Jesus mostra que há alguém na história, o Filho de Deus, que é Senhor do sábado. Jesus não tem uma visão laxista com relação ao sábado. A sua visão vai contra o legalismo com que se vivia e celebrava o sábado, onde se celebrava o dom da criação e da libertação. Jesus tem uma visão liberante do sábado, vez que «…o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado». Jesus mostra que o ser humano está acima do sábado. No gesto de curar o homem com a mão seca, Jesus remete ao centro da religião: «É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?» (Mc 3, 4). A religião existe para fazer o bem. A verdadeira religião nos liga a Deus, que é o Bem por excelência. Por isso a tristeza de Jesus: «…olhou ao redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração». Os fariseus, com o seu legalismo, deturpavam o verdadeiro sentido de Deus e da religião: a prática do bem.  

Jesus mostra que a fome dos discípulos e a cura daquele homem com a mão seca estão acima do sábado, pois o bem está no centro e este é o verdadeiro sentido da religião. Que contemplar estes gestos de Jesus nos ajude a termos o verdadeiro sentido da religião, que é direcionar a nossa vida para o bem e para aquele que é a Bondade absoluta: Deus.