COLOCAR JESUS NO CENTRO
Neste terceiro domingo do advento, neste tempo forte de espera, temos como companhia a figura de João Batista (Jo 1, 6-8. 19-28). Ele é o grande profeta do advento. Ouçamos o comentário de papa Francisco: “O evangelista apresenta-o solenemente: ‘Houve um homem, enviado por Deus […]. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz’ (vv. 6-7). O Batista é a primeira testemunha de Jesus, com a palavra e com o dom da vida. Todos os Evangelhos concordam em mostrar como ele cumpriu a sua missão apontando Jesus como o Cristo, o Enviado de Deus prometido pelos profetas. João foi um líder no seu tempo. A sua fama propagou-se por toda a Judeia e além, até à Galileia. Mas ele não cedeu por um momento à tentação de chamar a atenção sobre si: apontou sempre para Aquele que haveria de vir. Ele disse: ‘não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias’ (v. 27). Sempre a indicar o Senhor. Como Nossa Senhora: indica sempre o Senhor: ‘Fazei o que Ele vos disser’. Sempre o Senhor no centro. Os Santos em redor, indicando o Senhor. E quem não aponta o Senhor não é santo! “Eis a primeira condição da alegria cristã: descentralizar-se de si mesmo e colocar Jesus no centro. Isto não é alienação, porque Jesus de fato é o centro, é a luz que dá pleno sentido à vida de cada homem e mulher que vem a este mundo. É o mesmo dinamismo do amor, que me leva a sair de mim, não a perder-me, mas a encontrar-me a mim mesmo à medida que me dou, à medida que procuro o bem dos outros. “João Batista percorreu um longo caminho para testemunhar Jesus. O caminho da alegria não é um passeio. É preciso trabalho para estar sempre na alegria. João deixou tudo, desde quando era jovem, para colocar Deus em primeiro lugar, para ouvir com todo o coração e com toda a força a sua Palavra. João retirou-se para o deserto, despojando-se de tudo o que era supérfluo, para ser mais livre e seguir o vento do Espírito Santo. Certamente, alguns traços da sua personalidade são únicos, irrepetíveis, não são possíveis a todos. Mas o seu testemunho é paradigmático para qualquer pessoa que queira procurar o sentido da vida e encontrar a verdadeira alegria. Em particular, o Batista é modelo para quantos na Igreja são chamados a proclamar Cristo aos outros: só o podem fazer se se afastarem de si mesmos e da mundanidade, não atraindo pessoas para si, mas orientando-as para Jesus. A alegria é isto: orientar para Jesus. E a alegria deve ser a caraterística da nossa fé. Mesmo em momentos escuros, essa alegria interior, de saber que o Senhor está comigo, que o Senhor está conosco, que o Senhor ressuscitou. O Senhor! O Senhor! O Senhor! Este é o centro da nossa vida, e este é o centro da nossa alegria. Pensai bem hoje: Como me comporto? Sou uma pessoa alegre que sabe transmitir a alegria de ser cristão, ou sou sempre como os tristes, como disse antes, que parecem estar num velório? Se eu não tiver a alegria da minha fé, não poderei dar testemunho e os outros dirão: ‘Mas se a fé é tão triste, é melhor não a ter’”. (Papa Francisco, Angelus de 13 de dezembro de 2020