O Santo Padre chegou a Beirute, onde se encontrou com autoridades, representantes da sociedade civil e o Corpo Diplomático no Palácio Presidencial. Em seu discurso inicial, afirmou: “Foi uma grande alegria encontrar-vos e visitar esta terra onde ‘paz’ foi muito mais do que uma palavra: aqui a paz foi desejo e vocação, dom e canteiro sempre aberto.”
Compromisso pela paz
Ao se dirigir às autoridades libanesas, o Papa destacou que “o compromisso e o amor pela paz não conheceram o medo diante das aparentes derrotas, nem se deixaram abater pelas desilusões, mas souberam olhar para o futuro com esperança”. Reforçou ainda que “a paz foi saber viver juntos, em comunhão, como pessoas reconciliadas” e sublinhou “o papel indispensável das mulheres no árduo e paciente esforço de preservar e construir a paz”.
Recordando as palavras de Jesus — “Felizes os que promovem a paz” — o Papa reconheceu a coragem e a resiliência do povo libanês: “Fostes um povo que não sucumbiu e que, diante das provações, soube sempre renascer com coragem.”
Uma sociedade civil vivaz
O Santo Padre retomou a importância de falar a “língua da esperança”, especialmente em um mundo no qual a sensação de impotência muitas vezes prevaleceu. Citou as dores vividas pelo país — consequências de crises econômicas, instabilidade global e conflitos — mas reconheceu a contínua capacidade do Líbano de recomeçar.
“O Líbano pôde orgulhar-se de uma sociedade civil vivaz, bem formada, rica em jovens capazes de expressar os sonhos e esperanças de todo o país”, afirmou o Papa, destacando também o profundo vínculo entre a diáspora libanesa e sua terra de origem.
Reconciliação: caminho árduo e necessário
Leão XIV lembrou que os verdadeiros promotores da paz souberam recomeçar pela via exigente da reconciliação, observando que feridas coletivas e pessoais podem exigir gerações para cicatrizar.
“Sem tratar as feridas, sem trabalhar pela cura da memória e sem promover a aproximação entre aqueles que sofreram ofensas e injustiças, dificilmente se alcançou a paz”, declarou.
Ressaltou ainda que não houve reconciliação duradoura sem uma meta comum e sem abertura para um futuro em que o bem superasse o mal — passado ou presente.
Permanecer, apesar do sacrifício
O Papa reconheceu a “sangria” de jovens e famílias que deixaram o país em busca de melhores condições de vida. Destacou que, embora a diáspora tenha contribuído positivamente, permanecer no país e trabalhar pelo desenvolvimento da civilização do amor continuou sendo profundamente valioso.
“A Igreja não se preocupou apenas com a dignidade daqueles que emigraram, mas desejou que ninguém fosse obrigado a partir e que todos os que quisessem retornar pudessem fazê-lo em segurança”, disse.
O Pontífice observou que a mobilidade humana representou uma grande oportunidade de encontro, mas não eliminou o vínculo especial entre cada pessoa e sua terra, seus lugares, sua história e sua espiritualidade.
O papel essencial das mulheres
Leão XIV dedicou parte do discurso à necessidade de garantir condições para que os jovens permaneçam no Líbano. Ele ressaltou a responsabilidade conjunta de cristãos, muçulmanos e demais segmentos civis e religiosos para sensibilizar a comunidade internacional.
Enfatizou também o papel das mulheres:
“Gostaria de sublinhar o papel indispensável das mulheres no árduo e paciente esforço de preservar e construir a paz. Elas têm uma capacidade singular de promover a paz, por conservar e desenvolver laços profundos com a vida, com as pessoas e com os lugares.”
A paz como dom de Deus
Ao concluir, o Papa recordou um traço da identidade libanesa: o amor pela música que se transforma em dança, expressão de alegria e comunhão. Esse aspecto cultural, afirmou, ajuda a compreender que a paz não é apenas fruto do esforço humano, mas um dom de Deus.
“Assim foi a paz: um caminho movido pelo Espírito, que colocou o coração em escuta e o tornou mais atento e respeitoso para com o outro”, afirmou.
O Pontífice desejou que esse desejo de paz, nascido de Deus, transformasse desde já a forma de olhar para os outros e de habitar juntos a terra profundamente amada e continuamente abençoada por Ele.
Com foto e informações do Vatican News.