O Evangelho de hoje (Lc 9, 18- 24) nos apresenta Jesus que faz uma pergunta fundamental aos discípulos sobre a Sua identidade de Filho de Deus. O Evangelista mostra que estamos diante de um fato importante do ministério de Jesus. São Lucas apresenta Jesus rezando em todos os momentos fundamentais do Seu ministério: «Jesus estava rezando num lugar retirado, e seus discípulos estavam com ele» (Lc 9, 18). Neste contexto, Jesus pergunta aos discípulos: «Quem diz o povo que eu sou?» Neste primeiro momento, tem-se a opinião do povo, que coloca Jesus na perspectiva de um dos grandes profetas. Mas Jesus, agora, pergunta aos discípulos: «E vós, quem dizeis que eu sou?» Os discípulos representam aquele círculo menor que seguia Jesus, andava com Ele pelas vias e estradas da Palestina, ouvia as Suas pregações, presenciavam os milagres realizados, testemunhavam a Sua atitude com os pecadores, com os doentes etc. Tinham, assim, uma percepção mais profunda do mistério e da pessoa de Jesus. Pedro então responde: «O Cristo de Deus». Pedro responde que Jesus é o Messias, o Ungido de Deus, é o Messias que Israel esperava. Aqui está a fé central da vida da Igreja e de cada um de nós.
Jesus é o centro da vida da Igreja e deve ser, também, o centro da vida de cada um de nós. Papa Leao XIV, exorta cada um de nós para o perigo de reduzir a pessoa de Jesus Cristo: «Ainda hoje não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático». O Novo Testamento afirma, com clareza, que Jesus é o Filho de Deus que morreu e ressuscitou realizando a nossa salvação: «Cristo morreu por nossos pecados, segundo a Escritura. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas e depois aos Doze…» (1Cor 15, 3 – 5). Este é o centro da nossa fé.
Neste ano estamos celebrando 1700 anos do Concilio de Nicéia. O centro da fé de Nicéia é a afirmação de Jesus Cristo, Filho de Deus, consubstancial ao Pai, quer dizer, Jesus não é criatura, mas o Filho eterno que existia com o Pai e que entrou na nossa história, sem deixar de ser Deus, tornando-se verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo, menos no pecado. Os últimos Papas nos apresentaram, com força, esta centralidade de Jesus Cristo. São João Paulo II, iniciou o seu pontificado convidando todos a escancararem as portas a Cristo, pois Ele é o Redentor do homem. Papa Francisco, exortava-nos a colocar o kerygma no centro: «Não pode haver verdadeira Evangelização sem o anúncio explícito de Jesus Cristo como Senhor.» (Evangelii Gaudium, 110). Papa Leão XIV, na sua primeira homilia na Capela Sistina, exortou para a importância de colocar Jesus Cristo no centro: «É essencial fazê-lo, primeiramente, na nossa relação pessoal com Ele, no empenho em percorrer um caminho quotidiano de conversão. Mas depois também, como Igreja, vivendo juntos a nossa pertença ao Senhor e levando a todos a sua Boa Nova.so»
Cardeal Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília