Papa despede-se do Líbano com apelo: “As armas matam. A negociação e o diálogo edificam”

Em uma despedida marcada por emoção, esperança e insistentes apelos pela paz, o Papa Leão XIV concluiu sua primeira Viagem Apostólica Internacional deixando o Líbano nesta terça-feira (02/12), após uma intensa programação que mobilizou autoridades, líderes religiosos e fiéis de diferentes comunidades.

O Santo Padre partiu do Aeroporto Internacional Rafiq Hariri, em Beirute, às 13h48 (horário local), rumo a Roma, onde seu voo A320 da ITA Airways deve chegar por volta das 16h10 (hora italiana).

Antes do embarque, foi realizada a cerimônia oficial de despedida, ocasião em que o Papa pronunciou seu último discurso em solo libanês, um texto profundo, marcado por gestos de fraternidade, gratidão e advertências vigorosas contra a violência que ainda aflige o Oriente Médio.

“É mais difícil partir do que chegar”, disse o Papa ao iniciar sua mensagem, visivelmente tocado pela hospitalidade libanesa. Destacando a experiência de convivência com o povo local, o Santo Padre afirmou: “Estivemos juntos, e estar juntos, no Líbano, é contagiante: aqui encontrei um povo que não gosta do isolamento, mas do encontro.”

O Pontífice declarou que leva consigo tudo o que viveu durante os dias de visita. “Se chegar significava entrar delicadamente na vossa cultura, deixar esta terra é levar-vos no coração. Não nos separamos, mas seguiremos em frente juntos.”

O Papa expressou ainda o desejo de que este espírito vivido no país se irradie por toda a região. “Esperamos contagiar com este espírito de fraternidade e compromisso em prol da paz todo o Oriente Médio, mesmo aqueles que hoje se consideram inimigos.”

A realização do desejo do Papa Francisco

O Papa fez questão de recordar aqueles que trilharam o caminho antes dele, mencionando especialmente o Papa Francisco. “Estou feliz por realizar a vontade do meu amado predecessor, o Papa Francisco, que tanto teria desejado estar aqui.”

Segundo o Papa Leão XIV, Francisco os acompanhou espiritualmente ao longo da visita. “Ele está conosco, na companhia de outras testemunhas do Evangelho que nos esperam no abraço eterno de Deus. Somos herdeiros da fé, da esperança e do amor que os animaram.”

Veneração à Virgem Maria e memória da tragédia no porto de Beirute

O Papa manifestou emoção ao recordar sua passagem pelos locais de oração e dor que fazem parte da história recente do Líbano e destacou a devoção mariana do povo. “Fiquei feliz de ver quanta veneração tendes pela Virgem Maria, tão querida tanto pelos cristãos quanto pelos muçulmanos.”

Também mencionou a visita ao túmulo de São Charbel, onde rezou profundamente movido pelas raízes espirituais do país. Sobre a explosão que devastou o porto de Beirute em agosto de 2020, o Papa afirmou: “Aquela explosão devastou não só um lugar, mas muitas vidas. Rezei por todas as vítimas e levo comigo a dor e a sede de verdade e justiça de tantas famílias e de um país inteiro” e descreveu a visita como um momento que “tocou o coração” e o marcou profundamente.

Em referência aos encontros com o povo libanês, O Pontífice destacou a força do país. “Nestes poucos dias encontrei muitos rostos e apertei muitas mãos, recebendo deste contato físico e interior uma energia de esperança. Sois fortes como os cedros das vossas montanhas e carregados de frutos como as oliveiras que crescem na planície e perto do mar.”

O Papa lamentou não ter conseguido visitar todas as regiões, citando Trípoli, o Vale do Becá e especialmente o sul, onde a situação de conflito continua intensa.

Apelo categórico pela paz: “Cesse a violência!”

Com voz firme, o Papa Leão XIV fez um apelo claro e urgente: “A todos, o meu abraço e os meus votos de paz. E ainda um sentido apelo: cessem os ataques e as hostilidades.”

O Papa advertiu contra a ilusão de que a violência traria algum tipo de vantagem. “Ninguém acredite mais que a luta armada traz algum benefício. As armas matam; a negociação, a mediação e o diálogo edificam. Escolhamos todos a paz como caminho, não apenas como meta!”

Ao concluir sua despedida, Leão XIV recordou a famosa frase de São João Paulo II: “O Líbano, mais do que um país, é uma mensagem!” E acrescentou: “Para que assim seja, aprendamos a trabalhar juntos e a ter esperança juntos.”

Com essas palavras, o Papa encerrou sua histórica visita, deixando no país um chamado urgente à reconciliação e à construção de um futuro onde o diálogo e a fraternidade prevaleçam sobre os conflitos. A viagem termina, mas a mensagem permanece ecoando entre os libaneses: “a todos, os meus votos de paz.”

Com foto e informações do Vatican News.

Confira, no vídeo abaixo, as imagens da primeira Viagem Apostólica Internacional do Papa Leão XIV: